Velocidade e Batom: "Sim, mulheres amam automobilismo!!!!" by Ludy Coimbra
Coluna Velocidade e Batom: "Sim, mulheres amam automobilismo!!!!" by Ludy Coimbra
É engraçado como o mundo é estranho com relação às mulheres. Não importa o século ao qual pertençamos, por mais evoluído e mais perto da igualdade de gêneros que estejamos, somos ensinadas desde pequenas que devemos brincar de boneca, aprender a cozinhar, ser uma boa dona de casa, que uma mulher realizada passa obrigatoriamente por casamento, casa e família constituída. Para mim, não há nada mais preconceituoso.
Não me considero uma feminista, não acho errado uma mulher sonhar com marido, filhos e família, mas não gosto de misoginia. Ela me irrita. Muito. Um mulher não pode ser definida apenas por isto. Não mais!
Lutamos diariamente em nossos trabalhos para provar que somos tão capazes quanto os homens. Nossa luta é muito maior. Cuidamos de casa, de filhos, parceiros, família, trabalhamos 24 horas diárias (fora e dentro de casa) e ainda assim somos vistas como sexo frágil, mesmo em um mundo evoluído, onde já provamos por diversas vezes o quão forte e capazes somos.
E esta linha de raciocínio me leva ao mundo dos esportes, especialmente à Fórmula 1, que é o que traz a este blog a maior parte de nossa audiência.
Por diversas vezes, mulher e corridas são relacionadas a fotos sexy de calendário ou tietes de pilotos. É claro que não se pode generalizar, mas a forma como somos vistas quando abrimos a boca para dizer que amamos corridas é sim, em sua grande parte, preconceituosa.
Por isto hoje, no Dia Internacional da Mulher, como forma de dizer não a este preconceito que nós, garotas apaixonadas por este esporte dominado por homens somos sujeitadas constantemente, deixo a participação de quatro mulheres que fazem parte de uma minoria, mas que não se sentem envergonhadas por amarem corridas e muito menos, não se sentem menos femininas ou menos mulheres por simplesmente amarem carros, corridas, seja a F1, o rally ou qualquer outra categoria que envolva velocidade.
Percebam que as perguntas são as mesmas para as minhas quatro convidadas, obviamente com algumas pequenas diferenças, já que elas acompanham categorias diferentes e uma delas também é blogueira, mas o que elas têm em comum é que todas são mulheres que fazem parte do meu ciclo de amizade, que hoje conheço pessoalmente (quer dizer, só falta você né dona Ângela?! Rsrsrs), com quem converso diariamente, com quem compartilho muito mais do que o amor pelo automobilismo. Amigas que o blog do Octeto, este espaço cor-de-rosa sobre automobilismo me deu, aliás, que Kimi Räikkönen e Fernando Alonso me deram. E eu não poderia ser mais grata.
Portanto, curtam o que Melissa Cardoso, Yasmin Farias, Ângela Diniz e Juliana Brandão disseram. E saibam desde já que elas falam por mim em tudo o que se segue abaixo. #ApreciemSemModeração
ORT: Do ponto de vista feminino, o que é mais difícil quando se gosta de automobilismo, e no seu caso, de rally?
Melli: O mais difícil é ser aceita, ter sua opinião levada em conta e ser levada a sério. Principalmente aqui no Brasil. Na Europa existem muitas mulheres envolvidas em rally e isso facilita, pois os europeus sabem da capacidade feminina em pilotar ou estar envolvida de qualquer maneira nesse esporte. Porém, aqui (no Brasil) acho que ainda sofro menos preconceito que uma seguidora de F1, por exemplo. Participo de um grupo super bacana no Facebook sobre o campeonato mundial de rallies e os rapazes lá são super abertos pra minha participação. Acredito que o fato de ser tão difícil alguém que saiba conversar sobre rally ajude um bocado, afinal não importa o gênero se o assunto for esse. Já com a Fórmula 1 os brasileiros são todos especialistas e aí, lugar de mulher é no fogão, correto?! Claaro que não!! Ainda mais se levarmos em conta que o principal jornalista brasileiro que faz a cobertura da F1 é uma mulher, ahn?!
Julie: Acredito que o mais difícil para nós, mulheres, principalmente para quem mora no Brasil, é encarar o preconceito. Em uma sociedade machista como a nossa, a mulher, quando afirma que curte automobilismo, não é vista “com bons olhos” nem por homens e muito menos pelas próprias mulheres. A meu ver, já está mais do que na hora de o esporte não ser mais separado em “esporte de meninos ou de meninas”. Eu, por exemplo, curto, leio reportagens especializadas, discuto automobilismo, sem jamais perder a feminilidade. Independente do gênero, temos que curtir aquilo que nos faz bem e feliz.
Ângela: Acredito que é o preconceito. Particularmente eu não sofro nenhum, mas eu vejo as meninas que vão ao autódromo reclamarem das piadinhas sem graça dos torcedores. Ao que parece só gostamos de Fórmula 1 porque os pilotos são bonitos. Não tem nada a ver com o esporte. Se fosse assim, pra que perder meu tempo assistindo a corrida??? Se é só pela imagem.... fico com as fotos. Acho desgastante ter que provar que não é só porque os pilotos são bonitos, mas que temos um amor pelo esporte.
Yasmin: Além dos velhos preconceitos por ser mulher, dizerem que não entendemos nada e algumas mulheres que envergonham a classe, o que mais me incomoda são as piadinhas e o deboche das pessoas como: - Tu assistes porque tu achas o cara bonito?! Tu vai ver a F1 e nem consegue enxergar o carro?! (Oi?!) Qual é a graça de ficar vendo um monte de carros andarem em círculo... (essa é uma das piores, e fica ainda pior quando vem de pessoas que gostam de Nascar, que até onde a pessoa leiga aqui saiba, até circuitos de Nascar tem pistas ovais diferentes), não importa o quanto você vai discutir e mostrar que as pistas têm formatos diferentes e dá aquela emoção de assistir, é como murro em ponta de faca, infelizmente.
ORT: Como é a sua rotina em um fim de semana de WRC? Como você acompanha o Mundial já que o rally não tem transmissão de TV aqui no Brasil?
Melli: Well, os rallies começam no meio da semana, ou seja, eu deixo meu sono atrasado desde quinta-feira se for semana de rally. Acordo cedo pra poder acompanhar eventos que muitas vezes estão há 5/6 horas de diferença de horário, mas tenho que dizer, no começo era bem pior. Hoje tem o WRC+ que transmite algumas especiais ao vivo, além da World Rally Radio e tooodos os sites em todos os idiomas possíveis e imagináveis. Melhorei deveras (citando Manu Garcia) meu inglês por conta disso, o que é mais um ponto positivo para o esporte. A família que não entende muito, eu passo 4 dias alheia ao mundo real, com fones de ouvido e falando sozinha... ah tem isso, é bem solitário, pois poucos entendem o que a maluca aqui está fazendo acompanhando 2 segs de um "carrinho" passando na tela ou na estrada. Mas é amor!
ORT: Como é a sua rotina em um fim de semana de corrida, em um domingo de corrida? Como se prepara e como assiste às provas e treinos?
Julie: Fim de semana de corrida é especial para mim. Não importa se a corrida é de manhã, tarde ou de madrugada, não perco uma! Sou daquelas que assiste treino livre (infelizmente, atualmente, só assisto os de sábado, por causa do trabalho.) e quando chega o treino classificatório, fico mais agitada do que nunca. Domingo de corrida então, é uma loucura! Levanto cedo, organizo meu arsenal na sala (computador, celular, calculadora...) e procuro ficar bem concentrada: não atendo telefone, não abro a porta, não vou à padaria, fico hipnotizada em frente à TV, torcendo incansavelmente pelo meu ídolo, Fernando Alonso, chegando até a “discutir” com o narrador ou quando alguém da equipe de transmissão fala alguma “pérola”. Enfim, sou maluca mesmo por esse esporte! Hahaha
Ângela: Às vezes eu não consigo assistir o treino de classificação, mas no domingo é assim: Tento levantar com 30 minutos de antes da corrida começar, pego meu travesseiro e meu netbook e vou para a sala. Fico com o Facebook e Twitter abertos para comentar com os amigos sobre a corrida e ver o que as equipes estão postando.
Yasmin: As corridas que acontecem de madrugada são as que eu posso acompanhar melhor, pois consigo assistir os treinos livres em casa tranquila, quando as corridas estão em outro fuso é complicado para assistir, pois trabalho e o horário dos treinos livres coincide com a hora que estou dormindo ou saindo para trabalhar, aí chego ao trabalho e dou uma espiadinha nos tempos.
Sábado e Domingo de manhã ou à noite é sagrado, ninguém me interrompe, desde 2005 (a culpa é do Kimi, eu não era assim antes). Deixo minha cadeira perto da TV, twitter aberto no computador ou no celular e agora no WhatsApp para conversar e compartilhar o nervosismo.
ORT: Além de torcedora, você é blogueira: quais as vantagens e desvantagens de se ter um blog sobre automobilismo?
Yasmin: As vantagens de se ter um blog são muitas, as minhas favoritas são levar a notícia aos leitores e conhecer uma porção de pessoas do mundo inteiro. Ano passado eu tive o prazer de conhecer mais duas amigas a Leila que conheci pelo meu blog do Kimi (ela esteve aqui pelas bandas do Sul) e a Viviane mais conhecida como Vivi que conheci pelo Instagram do piloto Fernando Rees (Encontrei a Vivi em Interlagos no ano passado nas 6 Horas de São Paulo em frente ao box do Rees, foi uma loucura), sem dúvidas que as amizades proporcionadas são as melhores.
As desvantagens estão relacionadas aos nossos veículos de informações do Brazilzilzil, infelizmente as notícias são distorcidas na maioria das vezes e precisamos recorrer a informações que vem do exterior, um dos grandes problemas que encontramos é que postamos em inglês ou alemão, por exemplo, e as pessoas que não possuem domínio da língua muitas vezes acabam prejudicadas. Outra desvantagem é o tempo, quase não temos tempo para nos dedicar como queríamos, mas damos um jeito para contornar o problema.
ORT: Para você, o que faz com que o automobilismo seja uma paixão?
Melli: Acho que no meu caso é toda a atmosfera que envolve os rallies que me atrai. Eu não entendo como acontece, nem quando começa ou o porquê uma pessoa acorda às 4h da manhã pra viajar pra um lugar afastado de tudo, caminhar quilômetros, esperar por horas e depois de menos de 1h todos os carros já terem passado pela especial, recomeçar a correria toda de novo, até seu corpo estar moído e sua alma satisfeita. Ou o porquê você sorri alegremente ao levar pedradas de um Fiesta 1.6 nas estradas da Finlândia, ou mesmo o que te fez viajar 16h pra passar 4 dias comendo poeira, literalmente. Pra mim toda essa maluquice que move os fãs de rally que faz a coisa ser interessante e que me fez apaixonar. Eu conto os dias (e os euros) pra poder voltar a uma especial de rally só pra viver tudo isso de perto, novamente.
Julie: O automobilismo sempre me encantou desde a infância. Não sei lhe dizer se o que mais me atraiu foram os carros, os pilotos, o barulho dos motores, ou as três coisas juntas. Só sei que é um sentimento muito bom e eu não o substituo por nada. É impossível não se emocionar com cada largada, sentir aquele friozinho bom na barriga, ou ainda vibrar com as ultrapassagens, cruzar os dedos com toda força para que o pit stop não dê errado, se emocionar com a bandeirada final, chorar com o hino no pódio ou com o rádio ao final da corrida. Enfim, pelo automobilismo, somos capazes de nos aproximar das pessoas, conhecer gente nova, somos até capazes de cometer loucuras, tudo em nome dessa paixão maravilhosa!
Ângela: Por que gostamos de uma certa música??? Por que gostamos de um livro??? Por que gostamos de um filme??? Não tem uma explicação certa. Você tem que sentir. Não é uma coisa que você pode forçar ou ensinar a gostar. É um sentimento que é inexplicável. Só isso para definir o porquê de acordar cedo em pleno domingo. Especialmente eu que AMOOOOO dormir. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Yasmin: Tem uma das falas do James Hunt (Chris Hemsworth) no filme “Rush – No Limite da Emoção”, em que ele fala que nós mulheres nos apaixonamos pelos pilotos por eles estarem naquele limite perigoso entre vida e morte, não sei se é exatamente assim que ele diz no filme, mas acredito que seja verdade e não é só pelo quesito piloto que nos apaixonamos, é um conjunto todo, nós temos o nosso piloto favorito, a equipe favorita, o hino que mexe com a gente, as pistas que mais amamos, aquele frio na barriga que dá em ver uma largada seja pela TV ou assistir uma corrida ao vivo com as amigas. Automobilismo é pura combustão e paixão juntas, adrenalina e emoção fazem o coração de quem é apaixonado por velocidade bater cada vez mais forte.
Agora, depois de terem lido tudo isto, eu desafio alguém a dizer que o que está acima é definido pelo gênero. E ao longo destes mais de 7 anos é exatamente isto que o Octeto tenta provam que o amor pela velocidade independe de sexo.
Ele está na emoção que qualquer um de nós sente por uma disputa linda e limpa nas pistas, por uma especial perfeita em um evento de rally, por um pódio difícil, mas merecido do seu piloto preferido, por aquele drift perfeito no WRC, por aquela ultrapassagem mágica na F1, pelas lágrimas que escorrem dos olhos daquele campeão que você admira após uma derrota doída, pela bandeira quadriculada naquela vitória inesquecível, pelos papos intermináveis com as amigas via Facebook, Twitter, WhatsApp ou ainda pelo telefone mesmo, pela ansiedade de todo início de campeonato ou pelo vazio da despedida quando a temporada termina, pelo campeonato mundial da sua equipe preferida ou do seu piloto favorito, por corridas em circuitos como Spa, Monza, Suzuka, Interlagos ou por rallies na Suécia, Monte Carlo, País de Gales e Finlândia.
O que eu quero dizer com tudo isto é que o amor pelo automobilismo nasce no coração e nele, não há diferença de gênero. Ele bate e você sente. Simples assim!
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Espero que tenham gostado da minha primeira "coluna Velocidade e Batom" em 2015. Esta é a minha forma de desejar um Feliz Dia Internacional das Mulheres para todas nós, especialmente às garotas que como eu, amam automobilismo.
Obrigada às queridas Melli, Yasmin, Ângela e Julie por ter aceito o meu convite. Elas representam vocês leitoras do Octeto e nós todas, mulheres. Obrigada amigas!!!!
Beijinhos, Ludy
Comentários
bjs, Ludy
Mas quero desejar a todas as mulheres um feliz dia.
Beijos a todas.
Mãe puxa saco das filhas.... hahaha...
Amo vocês.
Maria Helena
bjs, te amo
Ludy
kkkkkkkkkkkk.........
Feliz Dia das Mulheres!!!
Obrigada mais uma vez pelo convite!
E Feliz Dia das Mulheres!!
Bjusss
Julie
Machismo da história: Eles acharam q eu estava me referindo aos motores v8, ou seja, eles nem sequer sabiam q houve uma troca de motores e q isso repercutiu no barulho dos carros. E eu ainda tentei explicar isso, mas eles não me levaram a sério.
Não sei se deu p/ entender meu relato, rsrs
Carol
Obrigada Julie, Eric e Carol!
E sim Carol, deu para entender. Agora imagina hein?! Depois somos nós que não entendemos de corridas... rsrsrsrs...
bjs
Ludy
Feliz dia mega Rubinho, mas todo dia é dia nosso! ;)
=*