Semana Fernando Alonso 2014 - Dia 4: Por Julie Brandão
Por Julie Brandão
Querido Fernando Alonso:
Apesar
de não lhe conhecer pessoalmente, gostaria que você soubesse um pouquinho a meu
respeito. Sou uma de suas inúmeras fãs ao redor do mundo que se encantou pelo
seu jeito e sua trajetória na Fórmula Um. Meu nome é Juliana, conhecida por
muitos por Julie, sou brasileira e fã de automobilismo desde a época de Piquet
e Senna. Há exatamente 12 temporadas acompanho sua carreira, e uma coisa é
certa: a cada dia que passa, eu lhe admiro mais, e agradeço sempre o dia em que
você, naquele carro azul da Renault, chamou a minha atenção e mudou a minha
maneira de torcer para sempre!
Lembro-me
como se fosse hoje. O ano era 2003 e foi uma obra do acaso. Devido a uma festa
chata, voltei mais cedo para casa, e enquanto removia a maquiagem, espiava o
treino do GP da Malásia, que por causa do fuso horário, passava de madrugada. A
primeira coisa que me chamou a atenção foi a sua ousadia em conquistar, assim
de imediato, a pole position. Lembro até hoje do tempo: 1’37.044! Lembro de seu
rosto jovem, ainda de menino, com um sorriso encantador, mas com uma garra de
um veterano, que logo de cara conseguiu impor seu estilo. A curiosidade era
tanta que, após o treino, lá fui eu “baixar o seu currículo” na Internet, para
saber mais um pouco a respeito de você, o menino voador.
Naquela
época, você deve lembrar bem, estávamos em plena era Schumacher, e eu não
estava lá muito empolgada com a temporada. Aliás, nada me encantava mais na
Fórmula Um. E não era por causa da morte do Senna, porque Jacques Villeneuve já
tinha se incumbido da missão de me resgatar para a F-1. Mas os anjos do
automobilismo enviaram você com a missão de resgatar meu coração de torcedora,
há tanto tempo em standby, que só com esse primeiro momento, voltou a pulsar
enlouquecidamente rápido!
O
que era curiosidade no começo, no decorrer da temporada foi se transformando em
admiração e euforia. A cada corrida, uma nova descoberta, com você me
presenteando com momentos mágicos, e o primeiro “prêmio” logo veio com a sua
primeira vitória nesse mesmo ano, lá na Hungria. Pronto. O meu coração de
torcedora fora reprogramado para essa jornada eletrizante com prazo de duração
para a eternidade! Porque, sim, Fernando, a minha admiração e torcida por você
é para sempre, e eu não quero jamais me desfazer desse sentimento bom que tem
me feito feliz por todos esses anos! A minha torcida por você é uma espécie de
aventura inesquecível que tem levado até o meu coração um nome que pulsa em
alta velocidade: ALONSO! ALONSO!
Mas
ainda o melhor estava por vir. O presente da primeira vitória parecia um
aperitivo do que você estava reservando ao meu coração de torcedora. Além de
suas largadas alucinantes e sua ousadia nas pistas em 2004, você foi o grande
responsável pela maior alegria de minha vida, ao me presentear com os momentos
mais incríveis: os campeonatos de 2005 e 2006. Foram épocas de ouro, com
direito a friozinho na barriga com ultrapassagens memoráveis, vitórias que me
deixaram sem fôlego, madrugadas frias passadas acordada só por causa de um
simples treino livre, enfim, loucuras gostosas que um fã é capaz de fazer. O
grito Toma! Toma! ecoava em meus ouvidos, transformando em mantra o meu novo
estilo de vida de torcedora.
E
com esses presentes, vieram de bônus a maré azul, que impunha uma nova cor nos
autódromos, repletos de alonsistas, que hipnotizados com sua garra, pareciam
ser os membros mais importante da equipe, com a função de incentivá-lo a ir à
luta, a ultrapassar os limites da pista e as fronteiras da devoção.
Sinceramente, não sei se você chegou um dia a imaginar, Fernando, a real
importância que você tem para seus fãs. No decorrer desses anos, você moveu uma
legião não só de seu país, mas de um mundo inteiro. Você é e continuará sendo
uma grande influência para os jovens e adultos do mundo todo, e eu me orgulho
muito de fazer parte desse seleto grupo.
Além
da euforia, a vida também é feita de aprendizados. E, eu particularmente,
confesso que aprendi muito com você. Além de lidar com derrotas, aprendi
principalmente a lidar com as críticas. Infelizmente, em meu país, o país do
Senna, para a maioria dos brasileiros, é inadmissível torcer por um piloto
estrangeiro, o que é um absurdo. Não tem sido fácil torcer por você em meu
país. Mas sei também que muitos brasileiros sentem é aquela pontinha de inveja
por não ter aqui no Brasil um piloto com o mínimo de 5% de seu talento! Sendo
assim, nada melhor que delatar os comentários tolos para que isso não afete a
minha torcida. Você me provou ao longo desses anos, Fernando, que não se torce
por pilotos por causa de sua nacionalidade, e sim pelo talento, arrojo e
competência.
Uma outra coisa que aprendi com você, e isso
foi lá em 2007, foi o de lidar com uma mídia mesquinha, mesmo que esse processo
tenha sido muitas vezes dolorido e sofrido. Infelizmente, na mídia esportiva,
sempre existirá alguém com o intuito de distorcer os fatos com o intuito de
lucrar com a história do piloto mocinho e do bandido, porque esse tipo vende e
dá Ibope. Eu sei que hoje você está mais experiente, sabe melhor lidar com essa
questão, mas na sua época da McLaren, socorro! Foram tantas ofensas à sua
pessoa, Fernando, que simplesmente a partir daí, comecei a ser seletiva com o
que lia, tentando não me deixar levar pelo discurso tendencioso. Mas mesmo
sendo seletiva, foi um período muito complicado, às vezes não tinha como não me
abalar com toda essa barbaridade que diziam de você. Por mais que eu bancasse a
forte, foram inúmeras as vezes em que me peguei chorando com tudo o que
acontecia!
Para
finalizar, uma coisa que me marcou e me deixou preocupada na época foi o seu
anúncio de sua transferência para a Ferrari no final de 2009. Sei que,
obviamente não cabe a mim julgá-lo pela decisão de assinar com essa equipe
- você teve as suas razões e pronto. Mas
confesso que tudo aquilo que eu mais temia em relação à equipe Ferrari, tem
ocorrido nessas últimas temporadas. Infelizmente, tenho não só impressão, mas
também certeza que aqueles que o cercam na equipe não estão à altura para
desenvolver um carro decente ao nível de seu talento. Sem contar que essa mesma
equipe não lhe trata com o devido respeito, pelo menos é a impressão que tenho.
A começar pelo” ilustre presidente”, que a meu ver, deveria sempre permanecer
calado e se comunicar por gestos – seria uma bela sugestão, não? A última
declaração dele, via twitter, após o GP da Hungria desse ano, foi lamentável!
Para ele, só existe orgulho pela Ferrari, mas ele se esquece que quem tem dado
algum brilho a essa equipe, nessas últimas temporadas, foi você!
Não
me leve a mal com todo esse desabafo, mas me corta o coração vê-lo cansado e
com os olhos tristes, lutando com algo que está fora de seu alcance: a
incompetência de sua própria equipe! Apesar de todo esse cenário desfavorável,
saiba que estarei sempre ao seu lado, admirando a sua força de guerreiro
samurai, que unida à valentia asturiana, transforma as minhas manhãs de domingo
em um espetáculo inesquecível!
Agradeço
sempre aos anjos por aquela festa chata, que me fez conhecer a felicidade por
meio de um campeão de olhos tímidos e sorriso encantador! #AvantiFer #
SiempreCampeón
Be a warrior, not a worrier. |
Com
carinho,
Julie
**
Julie, minha amiga! Graciasssss... por estar sempre aqui! Obrigada por esta linda carta...
Amanhã tem mais...
Bjusss, Tati
Comentários
Nossa, Julie!!
Vc me deixou emocionada.
Fernando Alonso, vc deveria responder essa carta. =)
Valeu, Tati, pela oportunidade! Precisando, é só contar comigo!
Bjusss
Julie