Velocidade e Batom: "Senna. Saudade. Sempre." by Ludy Coimbra
Um lembrança especial - São Paulo - 10/03/2007 |
Velocidade e Batom: "Senna. Saudade. Sempre." by Ludy Coimbra
E lá se vão 20 anos! Duas décadas! Daquele 1º de maio de 1994 para o de hoje, em 2014. Tudo na minha vida mudou. Eu era uma criança, hoje sou uma adulta. Eu tinha sonhos, expectativas, esperança. Pude fazer muita coisa do que sempre quis. Outras não. E algumas estão por vir.
De 1994 para 2014, a F1 que eu comecei a aprender com Ayrton, que ele me apresentou, já não é mais a mesma. O glamour de algumas pistas resiste, a tradição de outras persiste, mas em sua metamorfose ambulante (pegando emprestada as palavras de Raul), a categoria que este brasileiro conquistou três vezes como um rei, definitivamente não é nem de longe a mesma de sua época.
Ele, Senna, foi para mim, o maior piloto que já vi correr. Não faço comparações, não faço listas, não faço análises, faço apenas a constatação do que presenciei quando ainda pequena, acompanhando corridas ao lado do meu pai, pude ver um pouco de Ayrton e sua história se formando diante dos meus olhos.
Eu tive a oportunidade de vê-lo ao vivo, pilotando em um treino livre, em Jacarepaguá, para o GP do Brasil de 1989. E foi inesquecível e marcante. Foi o mais perto que cheguei de Senna. Mas fui privilegiada, eu sei, porque o vi em ação, fazendo o que amava, correr de F1. E com ele aprendi a me encantar com este esporte.
Eu tive a oportunidade de vê-lo ao vivo, pilotando em um treino livre, em Jacarepaguá, para o GP do Brasil de 1989. E foi inesquecível e marcante. Foi o mais perto que cheguei de Senna. Mas fui privilegiada, eu sei, porque o vi em ação, fazendo o que amava, correr de F1. E com ele aprendi a me encantar com este esporte.
De 94 para cá, me afastei da F1 depois de sua morte, voltei com Jacques Villeneuve, fui feliz, fui infeliz, voltei a me afastar e retornar com Jacques, continuei com Kimi, fui feliz de novo, infeliz novamente, dei um tempo por causa do Iceman e por ele, retornei. E hoje cá estou. Continuando este ciclo que comecei com Senna, mas que infelizmente, ele não pode continuar comigo.
E sinceramente, não tenho vergonha de admitir que chorei naquele 1º de maio, e que chorei depois e depois e depois. Porém, com o passar dos anos, as lágrimas foram secando, embora a saudade jamais tenha deixado de apertar o peito. O que acontece é que apenas aprendi a conviver com ela.
Mas hoje, quando completamos exatos 20 anos da sua perda, é impossível assistir a qualquer especial que seja e não ser transportada para aquele domingo, para aquela angústia, para aquela dor da perda que nós, brasileiros, em sua maioria esmagadora, jamais imaginou que sentiria no dia que Senna se fosse.
Doeu e ainda dói porque vimos tudo acontecer diante de nossos olhos. Uma sensação de incredulidade indescritível. Aquele foi um fim de semana horrível, que não gostamos de lembrar, que marcou a vida de três famílias de pilotos. Infelizmente, apenas a de Rubens teve motivos para sentir o peito aliviar ao final de tudo.
Mas como disse, a gente aprende a conviver com o sentimento da saudade. Ela apenas aperta forte em momentos como estes, quando lembro que Senna foi o maior piloto de F1 para mim. Não o endeuso, o admiro. Era falho como todo ser humano, mas era mágico e sublime (como Eric Boullier bem o definiu) quando estava em um carro de corridas. Para ele, apenas a vitória importava. Nada mais.E para nós, vê-lo vencer era o que importava.
Com Senna se foi a minha ligação com o Brasil na F1. A dor de sua perda teve uma influência em minha vida de torcedora, aprendi a admirar um piloto sem pensar em sua nacionalidade. Mais uma vez, ele me ensinou. E serei sempre grata a ele, por ter me iniciado na F1, por ter me aberto os olhos para o fato de que o talento é o que importa quando escolhemos por quem torcer. De coração. Sem bandeiras ou nacionalidades.
Encerro este texto (que na verdade foi mais uma tentativa de homenagem em linhas meio tortas) dizendo que sim, são 20 anos de saudade, mas são também 20 anos de orgulho por ter visto a sua grandeza nas pistas campeão, por ter podido vibrar com suas corridas inesquecíveis e com aquelas manhãs de domingo em verde e amarelo que sim, me enchiam de orgulho. Como nunca mais fizeram. Senna. Saudade. Sempre.
Beijinhos, Ludy
Comentários
Apesar de muito nova em 94, a primeira lembrança que tenho da F1 é de Ayrton correndo e assim como você ele foi o culpado pela minha falta de memorias da categoria até o fim de 97. Então me sinto representada nesse texto.
Senna sempre.
bjs, Ludy
Quando Senna morreu tinha apenas 3 anos, não me recordo absolutamente de nada, mas meus pais de disseram que acompanhava as corridas com eles. Após todos este anos eles ainda mencionam o Senna quando o assunto é F1 e "heróis" brasileiros. Após acompanhar todas as homenagens a ele e pesquisar um pouco de sua história senti um orgulho e admiração pela pessoa que ele era.