Coluna Velocidade e Batom: “Obrigada!” by Ludy Coimbra
Coluna Velocidade e Batom: "Obrigada!"
Em setembro escrevi este texto, onde falei sobre como me sentia com relação à ida de Kimi para a Ferrari e como isto afetaria meu futuro como torcedora do Iceman. É claro que 2014/2015 é uma página em branco e muita coisa vai acontecer, uma nova história será escrita e com o tempo, poderei falar com mais propriedade.
Porém, o texto de setembro é a única certeza que tenho com relação ao futuro e é por enquanto, o máximo que eu posso dar com relação à Ferrari e Kimi. Não consigo mais do que isto. Por tudo o que foi escrito na primeira passagem do finlandês por Maranello. Nem as boas partes conseguem apagar a mágoa que sinto.
Mas se há uma coisa que aprendi de 2008/2009 para cá é tentar não cometer os mesmos erros. E hoje, após assistir ao vídeo que posto abaixo, decidi que precisava escrever algumas coisinhas.
Tenho estado em silêncio por aqui com relação ao futuro do Iceman porque
simplesmente ainda não consegui me desvencilhar do passado tão recente,
a Lotus. Tinha prometido para mim mesma que não ia escrever nada sobre a
equipe, porque desde setembro, as coisas foram tão tumultuadas e tão
complexas que fiquei perdida. Preferi o silêncio. Mas o vídeo em questão me fez ver que eu precisava escrever e colocar
para fora algumas coisas.
Em diversos momentos senti muita raiva da
forma como Lopez, Boullier e Alan Permane trataram Kimi este
ano (como escrevi aqui), especialmente depois que a relação se defez de
vez após o anúncio da saída do finlandês (sobre a qual falei neste texto) ou com relação à situação na Índia (link) e a falta de pagamento (aqui) por parte da equipe.
Só que depois de tudo o que houve na Ferrari, aprendi que tenho que
separar algumas situações e se há gente dentro da equipe de Enstone que
quis ver o Iceman pelas costas, que o tratou sem o respeito que ele
merecia, acredito que há muito mais gente que se sentiu contente por
trabalhar com ele e por terem construído, juntos, esta história de dois
anos.
E se tem uma coisa que eu definitivamente não sou nesta vida é ingrata,
então, assim como o lindo vídeo desta postagem e a descrição perfeita
escrita pelo autor do mesmo, quero com este post agradecer à Lotus por
ter trazido Kimi Räikkönen de volta à F1. Agradecer pelos momentos de
alegria, pela oportunidade de ver Kimi dar a volta por cima, pelas duas
vitórias, pelas risadas, pelas brincadeiras, até pelos momentos
complicados.
Infelizmente, o casamento que poderia ter sido perfeito, não teve final
feliz, mas como bem disse o autor do vídeo, não existe perfeição neste
mundo. E eu acrescento, o que existe são momentos inesquecíveis e serão
estes que vou lembrar. Então Lotus e Kimi, obrigada por terem me dado,
juntos, como um time, momentos que vou guardar com muito carinho.
I take part of you with me now
and you won't get it back
and a part of me will stay here,
you can keep it forever, dear
“Hollywood Hills” by Sunrise Avenue
Beijinhos, Ludy
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Alan Jones, campeão pela Williams em 1980,considerado um sujeito duro, até mesmo grosso, disse uma vez que, se um dia sofresse um acidente fatal nas pistas (algo bem comum na época), Frank Williams choraria um pouquinho mas, tão logo terminasse o GP, pegaria o telefone para arrumar um substituto e ele, Jones, seria página virada.
Sobre a passagem do Kimi, há alguns artigos interessantes, como o "Mondo Cane" do Corradi, que explicam o papel ativo de muita
gente nessa história sórdida, jogando-se a reputação de um bom profissional na vala. Kimi começou a ser lixado ainda em 2008, quando disputava a liderança do campeonato. Muitos leitores da Gazzeta dello Sport levantaram essa lebre em 2009. Para o Santander entrar, Alonso deveria ser o piloto nº 1 e o campeão deveria ser humilhado, embora bem pago (por motivos que não consigo entender, prolongaram seu contrato para 2010). Bem, o que se poderia esperar de um time que aventou a hipótese (balão de ensaio) de tirar Briatore do ostracismo, um sujeito que por pouco não calcinou a reputação dos Benetton e da própria Renault (e como a Renault gosta de se meter com gente suspeita, os candidatos a emprego apresentam "capivaras" em lugar do C.V.), que humilhou pilotos "gente boa" como Pupo Moreno, Button e Fisichella.
Apesar disso, acho que o Kimi foi um bocado ingênuo na época e suas entrevistas finais na Ferrari revelam todo o seu desapontamento (de nada adiantou ter carregado sozinho aquele carro horroroso nas costas e 3 campeonatos). Mas era um rapaz que acabara de finalmente conquistar um título de piloto que teimava em escapar. Esse rapazote desapareceu. É um sujeito maduro, obstinado e, pode acreditar, com objetivos bem claros, entre eles ser novamente campeão. Alonso também o quer, mas vem acumulando anos de frustrações, parte das decisões equivocadas que tomou. Quanto à Ferrari, restará gerenciar com extrema sensibilidade e sabedoria essa situação, qualidades que há anos andam em falta nos estoques de Maranello.
sandraferrucci@uol.com.br