Coluna "O que elas pensam?" by Ludy


“Momento decisivo” by Ludy Coimbra

“Kimi é uma máquina de fazer pontos e será muito agradável se ele estabelecer um novo recorde; mesmo que ele diga que não se importa com este tipo de coisa. Desde seu retorno conosco ele tem sido o piloto mais confiável no grid para fazer pontos , e é interessante refletirmos sobre a dúvida que algumas pessoas tinham a respeito de seu retorno à Fórmula 1”. 
Eric Boullier – 21.06.13 – www.lotusf1team.com 

Ontem, quando li esta declaração de Boullier no site oficial da Lotus, fiquei pensando com meus botões: “por que tudo que a gente quer na vida sempre ter que ser tão difícil?”. 

Eu só queria uma equipe que aceitasse Kimi, que o respeitasse como pessoa. E isto aconteceu, a Lotus. Daí veio o bônus: o maravilhoso ano de 2012. Mesmo com os pequenos momentos de dificuldade, foi tudo perfeito. Um retorno que nem o fã mais otimista fã poderia imaginar. A equipe de Enstone ganhou um piloto de talento para colocá-la de volta no mapa e o finlandês finalmente encontrou um time onde podia ser ele mesmo, sem ser julgado por isto. 

Então veio 2013. O mundial começou de forma perfeita, com uma vitória, uma sequência de pódios, uma vice-liderança que parecia forte, mas de repente, tudo desabou, duas corridas péssimas, resultados amargos (ainda que com pontos conquistados e um recorde igualado) e a chance de lutar por um título se afasta da Lotus e de Kimi a passos largos. E embora eu confie piamente no meu piloto, sei que, infelizmente (por mais que eles digam o contrário), a Lotus não terá condições de fornecer a Räikkönen, o que ele precisa: um carro que possa vencer, não apenas pontuar e conquistar pódios. 

E aí eu volto à frase de Boullier lá no começo do texto, do que adianta tudo isto que Kimi tem feito se ele não poderá ser um dos caras que estará brigando por vitórias? É frustrante ver o finlandês nesta situação e este era o meu medo quando ele resolveu voltar para F1. Explico. 

No WRC eu sabia que seria difícil, que talvez fosse até impossível, mas eu ficava feliz com as pequenas conquistas, porque eu tinha consciência que lá não era o local onde ele era mestre, era apenas aprendiz. As conquistas eram saborosas por menores que fossem. Na F1 ele pode ser mestre, tem talento o suficiente para isto, é o seu quintal, mas tem sido impedido por falta de condições e as pequenas conquistas têm sabor amargo porque eu sei que ele poderia ter muito mais. 

E aí entra o meu medo. Lotus e Kimi caminham para um momento decisivo e por mais que eu tente evitar meus pensamentos sobre o futuro, não consigo. A não ser que a equipe de Enstone e Räikkönen já tenham o conhecimento de que algo muito bom está sendo feito para a próxima temporada, infelizmente, o Iceman deixará a equipe inglesa rumo, provavelmente, à Red Bull, o melhor time da F1 nos últimos anos e que poderá dar a ele chances reais de vitórias e é claro, títulos. 

Mas lá não serão mais as pequenas coisas como as brincadeiras nas redes sociais, a sintonia com a equipe, a irreverência dos eventos de marketing, dos vídeos no You Tube, a liberdade de ser quem ele é, a forma respeitosa com a qual eles têm tratado Kimi desde o primeiro dia. Não será a Lotus.

Por isto que eu disse no começo do texto que nunca temos aquilo que queremos de forma perfeita. Eu sinto que se fosse só pelo se sentir bem, seria na Lotus que ele ficaria, mas daí vem o desejo de vencer que move estes caras, e infelizmente se a Lotus não conseguir dar a Kimi um carro com real potencial para lutar por vitórias (nem título estou falando), a parceria mais bacana que ele já teve com uma equipe de F1 chegará ao fim. 

Eu sei que deveria ficar animada com esta possibilidade, pôxa, ver Kimi com chances novamente de vencer e de repente até ser campeão mundial. Mas não consigo, meu medo de ver o Iceman passando por todo aquele pesadelo de rejeição dentro de uma equipe novamente é maior. As cicatrizes de 2008/2009 são profundas. Infelizmente. 

Eu só queria que ele fosse feliz e pudesse disputar vitórias ao mesmo tempo, na Lotus. Mas como eu disse, a vida nunca nos dá tudo. Ou temos uma coisa, ou outra.

Beijinhos, Ludy

Comentários

Manu disse…
Concordo Ludy, com tudo. Tbm me senti muito insegura com o retorno, com o contrato com a Lotus. 2012 significou pra mim como fã, que as vezes é preciso deixar rolar e confiar mesmo.
O futuro é incerto, de fato, porém, creio que Kimi cresceu muito depois do inusitado momento frustrante e cruel em 2008/2009. As escolhas agora serão muito bem pensadas.
Assim, acredito que, se a mudança para a RBR (o que não acho que virá), acontecer, por mais que ainda tenhamos os dois pés atrás com isso, ele deverá saber o que estará fazendo.
Vamos ver...

=*
Sim Manu, é nisto que eu me seguro para ficar mais calma. Que depois de tudo o que ele passou em 2008/2009 as coisas serão feitas do jeito dele e não o contrário.

bjs, Ludy

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