Indicação do Octeto: Livio Oricchio e Flávio Gomes

Trago para vocês dois textos sobre este rebuliço que a questão dos pneus Pirelli anda causando...

O primeiro do Flávio Gomes... destaco a parte abaixo. (texto completo aqui)

Só que tem uma única equipe que não gasta tanto os pneus. A sua. Ou ex-sua. A Lotus, enfim. Fizeram um carro acertadinho, equilibrado, contrataram um piloto muito bom e o resultado é que ele consegue fazer as corridas com uma parada a menos. Mas as outras começaram a chiar e os caras que fabricam os pneus resolveram mudar tudo. Acho ótimo, porque passaram do ponto. Mas o cara que hoje toca sua equipe, ou sua ex-equipe, a Lotus, enfim, não gostou.

É compreensível. O pneu é o mesmo para todo mundo. Se tem um que consegue gastar menos que o outro, palmas para ele. Azar de quem gasta mais. Mas andam dizendo que houve pressão de algumas equipes e que no fim das contas quem vai se dar mal nessas é a Lotus. Mudar a regra no meio do jogo é sacanagem, argumenta o chefe.

E o segundo é do Livio Oricchio, de onde destaco a parte a seguir. (texto original neste link)

Há mais vertentes nessa história: Eric Boullier, diretor da Lotus, time que melhor administra os pneus atuais, tanto que Kimi Raikkonen, seu piloto, está apenas 4 pontos atrás de Sebastian Vettel, da Red Bull, primeiro na classificação, 89 a 85, condenou a decisão da Pirelli de rever seus pneus em pleno campeonato. Ontem a direção da Ferrari emitou comunicado atacando a Red Bull e os que defendem a introdução de pneus com características distintas das de hoje. 

E ontem, também, entrou em cena uma entidade nova e de peso, a FIA, para lembrar que os pneus só podem ser alterados por razões de segurança, e não desempenho. Se a Pirelli alegar que necessita reforçar seus pneus para evitar que detritos na pista provoquem a soltura de parte da banda de rodagem, como ocorreu em algumas ocasiões este ano, a FIA aceita a mudança. Mas se for apenas para reduzir o número de pit stops, não será permitido, “a não ser que haja o consentimento de todas as escuderias”. O que não é o caso. Pelo contrário, elas estão se acusando.

O que eu quero dizer com estes dois textos? Algo simples, bem simples na verdade e que está claro nos textos de ambos os jornalistas: um acordo foi feito entre todas as equipes da F1 ano passado com relação aos pneus deste ano, todas. 

Algumas como Lotus, Ferrari e até Force India (em algumas provas), conseguiram construir seus carros de uma forma que o consumo do pneu não atrapalhasse tanto o desempenho dos mesmos, outras ficaram no meio termo, mas ainda conseguem ótimos resultados (Red Bull, que lidera ambos os mundiais, só para lembrar) e há aquelas que apesar de boas de qualificação, sofrem horrores nas corridas (Mercedes).

E aí? Aí, que quem está bem na fita (como Lotus e Ferrari) está lá porque fez algo certo e não merece ser punido porque as outras não fizeram o seu dever de casa.

Se a FIA permitir que os pneus sejam alterados para satisfazer àqueles que mesmo concordando ano passado, não conseguiram projetar seus carros de maneira a andar de mãos dadas com os pneus deste ano, ela punirá quem fez o trabalho bem feito.

Infelizmente, para Lotus, a punição custará muito mais caro do que para qualquer outra, a chance de lutar por um campeonato. Como tenho dito por aqui desde o começo desta confusão, ela não terá recursos para correr atrás do prejuízo com o mundial em andamento e todo o trabalho bem feito para este ano será jogado no lixo.

Pode não acontecer nada e ela não ser tão prejudicada? Pode, mas acho meio improvável, já que como disse Boullier ontem, todo o carro foi feito para funcionar com base nas especificações deste ano para os pneus. Um carro de F1 funciona integrado, não com base só em algumas de suas partes e a Lotus está bem hoje porque conseguiu fazer seu projeto funcionar como um todo, da máquina ao piloto.

Para encerrar, quero só dizer o seguinte, não sou a favor de 4 pit stops em corridas, mas sou muito menos a favor de mudanças de regulamentos em um campeonato já em andamento. Isto é injusto. Mas tenho certeza que mesmo com as mudanças a  equipe de Enstone vai lutar como puder, vai trabalhar e vai conquistar aquilo que lhe for de direito. 

Se eles merecem algo bacana, terão, caso não mereçam, beleza. É a vida. Faz parte do jogo. Uns ganham. Outros perdem. O que na verdade os diferencia está na aceitação da derrota e na forma como dão a volta por cima.

Beijinhos, Ludy