Coluna do Leitor: "Sobre a despedida ..."
Olá amigos,
Hoje no Octeto na Coluna do Leitor nós temos uma convidada: Paula Ferraz. Paula, para quem não sabe ou não leu a entrevista dela ainda, é fã do Schumi, e também de Kimi. Chegou ao Octeto e desde então ficou. OBA! \o/
Como fã do Schumi, eu pedi a ela que falasse, como torcedora, sobre a despedida de seu ídolo. Com muito carinho, Paula escreveu algo para o blog. Texto bonito e emotivo, como não poderia deixar de ser. Um texto escrito de coração... um texto de fã!
Desde já agradeço a Paula pela disposição de contribuir com o Octeto, por estar presente e, acima de tudo, por compartilhar seus pensamentos conosco.
Deixo agora para vocês o texto escrito pela Paula sobre Schumi.
"Era
uma vez Bertrand Gachot, numa noite de dezembro de 1990, em Londres. Em meio a
um trânsito infernal, Gachot se envolve em um acidente com um taxista, os dois
batem e Gachot espirra um spray com gás lacrimogêneo nos olhos do taxista, que
decide processar seu agressor. Enfim, alguns meses depois, em agosto de 1991, Bertrand
Gachot, piloto de F1 da equipe Jordan, volta à Londres para saber o que a
justiça britânica decidiu sobre seu futuro. O que ela decidiu? Seis meses de
prisão, e com isso uma carreira, talvez até promissora, jogada fora, por causa
de um ato impensado. É incrível como certas coisas tem que acontecer, pra que
uma história comece. Bertrand foi preso, saiu da Jordan, e abriu uma vaga para
o maior vencedor da história da Fórmula 1, Michael
Schumacher.
A
história do menino pobre de Kerpen não é muito diferente de outras histórias de
alguns atletas. É uma história de superação. Seu pai era zelador de um
autódromo de kart local – mais uma vez o destino escrevendo em sua vida. Aos 4
anos ele pilotou um kart montado pelo pai. Aos 5 anos ganhou sua primeira
competição, seus concorrentes tinham 14 anos. Até chegar na F1, ele e sua
família passaram por momentos de incerteza, se continuaria com isso ou não,
pela falta de dinheiro, automobilismo é um esporte caro. Contando com a ajuda
dos amigos que acreditavam nele, alguns anos depois, ele chegou à F1, no GP da
Bélgica – onde ele é recordista de vitórias – em 1991. Em 1992, veio a primeira
das 91 vitórias que ele tem.
Foi
por esse piloto fantástico que eu me “apaixonei”. E não foi fácil, retifico-me:
não é fácil ser fã dele aqui no Brasil. As pessoas não aceitaram um campeão
maior que o Senna, alguém que pudesse vencer mais. Eu comecei a acompanhar a F1
em 1995 – GP do Brasil – e o país estava de luto ainda. Aqui ele é mal visto
por muita gente, chamado de frio, calculista, mas nós fãs sabemos que não é
assim.
Schumacher
tem uma trajetória cheia de controvérsias, alguns “deslizes”, mas que se
pensarmos bem, sem patriotismo e sem sentimentalismo, isso não apaga as coisas
bonitas que ele fez. Foram 7 títulos, 91 vitórias, 69 poles até aqui, 2012, ano
em que ele para pela segunda vez. Ninguém faz isso se não for grande.
Não
é só o talento, comum aos gênios, que nos enche os olhos. E não foi só por isso
que ele se tornou quem é. Dedicação, determinação, ambição. CORAGEM.
Em
1995 Schumi era bicampeão do mundo, pela Benetton, e aceitou o maior desafio da
carreira: ir para a afundada e desprestigiada Ferrari, equipe que não vencia há
21 anos. Ele não fazia só o que tinha que fazer, sua paixão e seu
profissionalismo faziam com que ele treinasse quando não precisava. Ele é um
piloto movido à paixão, ainda hoje. Nos tempos da Ferrari, chegava a treinar
até tarde da noite, com a equipe pedindo pra ele parar por causa da
visibilidade. Passava os fins de semana sem corrida na pista da Ferrari,
treinando. Ele tinha uma aliança com a vitória, e era leal a isso.
Eu
pensava que ele havia ultrapassado até os limites do próprio sonho, de onde ele
chegaria na F1. Mas agora acho que não, refletindo a carreira dele, penso que
ele sempre sonhou com isso, e com muito mais.
Nos
primeiros 4 anos com a Ferrari, amargou muitas coisas ruins, entre elas, a
besteira de Jerez em 1997. Moral no chão, assumiu seu erro, pediu desculpas,
foi desclassificado do mundial (muito merecido) e aceitou com resignação.
Levantou a cabeça, trabalhou com mais garra ainda, perdeu em 1998, quebrou a
perna em 1999, e no GP da Malásia daquele ano, já sabíamos o que nos reservaria
a próxima década.
Enfim,
2000. Tricampeonato e o resto todo mundo sabe. Até 2004 domínio total. De um
carro apenas? Não! De um piloto obstinado, de sua equipe apaixonada.
Foram
os anos mais felizes da minha vida como torcedora dele. Eu só tenho a agradecer
por ter torcido por ele, por ter vivido esses anos, por ter visto, mesmo que
pela TV apenas, o melhor de todos os tempos fazer sua passagem polêmica, muitas
vezes “abusada”, imperfeita em algumas situações, mas vitoriosa, grandiosa...
Como
eu fui feliz sendo sua fã Schumi! COMO EU SOU FELIZ SENDO SUA FÃ!
Aprendi
muita coisa, sobre o esporte, sobre a Alemanha, sobre uma cultura que não é
minha, me motivei a aprender um idioma, conheci pessoas maravilhosas, expandi
meus pensamentos, meus conhecimentos. Isso é ser fã! Ele me deu muitas coisas
que pra muita gente não é nada. E eu sou grata... Ele é uma inspiração pra mim,
sua história e seu amor pelo que faz me impulsionam.
Foi
chamado de “o talento do século” por Lauda, Jack Brabham disse que ele é o
melhor piloto de todos os tempos. Eu sei disso... E ele anunciou sua retirada... Eu já deveria
ter me acostumado, porque já passei por isso uma vez, quando no dia 10 de
setembro de 2006, depois de uma linda vitória em Monza, ele me veio com essa:
“foi a minha última corrida em Monza”. Foi horrível. Dia 22 de outubro do mesmo
ano, GP do Brasil, o pior de todos pra mim, pra nós, seus fãs. Mais uma vez o
Brasil vai ser palco da despedida. Ele voltou e não teve êxito, não venceu, não
foi o Schumacher de antes. Mas isso não apaga seu brilho. Não existe
ex-campeão. Ele continua com seus sete títulos, com suas 91 vitórias, com suas
69 poles. Ele só é cobrado porque é comparado com ele mesmo, é esse o problema,
Schumi não foi o pior do grid nesses 3 anos. E a Mercedes não foi a pior
equipe, mas também não foi uma equipe competente. Pelo menos nesses primeiros
anos, e Michael já tem 43, e não é a mesma coisa de 1996, quando ele tinha 27
anos e uma vida pela frente dentro da categoria pra poder se dedicar a um
projeto a longo prazo.
E
eu? Eu continuarei sua fã apaixonada, para sempre...
Danke
Schumi!"
**
Gracias Paula!!!!!! De verdadeee!!
Espero que vocês tenham curtido!!!
Bjusss, Tati
Comentários
A parte que mais me identifiquei no seu texto foi esta: "Aprendi muita coisa, sobre o esporte, sobre a Alemanha, sobre uma cultura que não é minha, me motivei a aprender um idioma, conheci pessoas maravilhosas, expandi meus pensamentos, meus conhecimentos. Isso é ser fã! Ele me deu muitas coisas que pra muita gente não é nada. E eu sou grata... Ele é uma inspiração pra mim, sua história e seu amor pelo que faz me impulsionam."
Acredito que é isto que todos nós, fãs, independentemente do piloto para o qual torcemos, sentimos.
bjs, Ludy