O início do fim
Parte antiga do Autódromo do Rio de Janeiro começa a ter asfalto retirado
Pista que recebeu F-1 dará lugar a Parque Olímpico. Manifestantes protestam contra fim do circuito. Categorias regionais podem ir para MG
Por Felipe Siqueira, Rafael Lopes e Alexander Grünwald
Rio de Janeiro
No lugar do ronco dos motores de carros e motos de competição, o barulho de tratores e escavadeiras. Nesta semana, foi iniciada a retirada do asfalto da parte antiga do Autódromo Nelson Piquet, desativada desde o fim de 2006 após a construção de duas arenas para o Pan-Americano de 2007. É mais um passo para o fechamento do circuito localizado em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, pista que já sediou dez corridas de Fórmula 1, além da Indy, MotoGP e diversas categorias nacionais. O traçado atual, reduzido a cerca de 60% do original, ainda não está em obras. Segundo a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) e a Federação de Automobilismo do Estado do Rio de Janeiro (Faerj), essa parte será preservada até o fim do ano e será utilizada para mais duas etapas do Campeonato Estadual de Marcas.
Foto: Bruno turano/Agência Estado |
No último fim de semana, o circuito recebeu os últimos eventos de nível nacional e internacional. Foram realizadas duas corridas da Fórmula 3 Sul-Americana e outras duas do Brasileiro de Marcas. Enquanto os pilotos competiam no que restou da pista, escavadeiras podiam ser vistas na parte antiga. O trecho localizado entre a ponte de acesso aos boxes e a arena poliesportiva, que inclui também parte da reta do circuito oval utilizado pela Indy, teve seu asfalto retirado. Dois setores de arquibancadas, localizados próximos à arena, estão sendo desmontados desde julho.
Foto: Felipe Siqueira / GLOBOESPORTE.COM |
O acordo inicial entre as autoridades cariocas e a CBA era de que a pista só seria desativada quando um novo circuito, no bairro de Deodoro, fosse entregue. Mas em razão de diversos impasses, as obras do novo autódromo no subúrbio do Rio sequer foram iniciadas. Em janeiro, as obras no Parque Olímpico chegaram a ser paralisadas após a Justiça acatar um pedido da CBA. Porém, em um novo acerto selado neste ano, ficou combinado entre a entidade e a Prefeitura do Rio que o circuito de Jacarepaguá será desativado quando as obras em Deodoro forem iniciadas. A construção de um novo autódromo na cidade é parte da carta de compromisso com o Comitê Olímpico Internacional.
O início das obras em Deodoro e, consequentemente, o fechamento definitivo de Jacarepaguá estão previstos para o início de 2013. Entretanto, pilotos e ex-pilotos se mantêm céticos quanto a construção de uma nova pista. Ainda mais após o problema revelado pelo jornal “O Globo”. Em Julho, a publicação revelou que o terreno destinado à construção da nova pista terá que ser "descontaminado" devido à existência de explosivos não detonados no solo. A área serviu durante mais de 60 anos a treinamentos militares.
Categorias regionais podem ser transferidas para Minas Gerais
A assessoria da Federação de Automobilismo do Estado afirmou também que, durante o período em que Jacarepaguá estiver desativado e Deodoro não estiver pronto, as competições regionais não ficarão “sem casa”. De acordo com a entidade, há um projeto para as categorias disputarem suas provas no Autódromo Mega Space, no município de Santa Luzia, em Minas Gerais. Como o local fica a quase 500km de distância do Rio, a prefeitura carioca poderá ajudar no transporte de pessoas e equipamentos.
Manifestantes pedem manutenção do Autódromo de Jacarepaguá
Nesta terça-feira, cerca de 50 pessoas realizaram uma manifestação em frente ao Fórum do Rio de Janeiro com objetivo de fazer um apelo ao Ministério Público para a manutenção do Autódromo de Jacarepaguá.
Foto: Luiz Roberto Lima/ Agência Estado |
Além das mais diversas categorias nacionais, a pista de Jacarepaguá – rebatizada, em 1988, como Autódromo Nelson Piquet – recebeu por uma década provas da Fórmula 1 e também algumas etapas da Indy e do Mundial de Motovelocidade. Foi neste circuito que Ayrton Senna fez sua estreia na Fórmula 1, em 1984. Dois anos depois, foi palco de uma antológica dobradinha de Nelson Piquet em primeiro e Ayrton em segundo. Pista carioca que presenciou também o “Professor” Alain Prost vencer quatro das dez corridas da categoria. Que, uma década mais tarde, viu o piloto da casa André Ribeiro vencer a primeira corrida da Indy em solo brasileiro, e, na Motovelocidade assistiu ao segundo título da carreira do italiano Valetino Rossi.
Fonte: GloboEsporte.com
É um absurdo! Não consigo achar outra palavra para tal situação. Não era preciso a destruição de Jacarepaguá para que complexos esportivos para os Jogos Olímpicos fossem construídos. O Rio de Janeiro é um Estado grande, a cidade poderia muito bem acomodar tais complexos em outros lugares, mas não, resolveram destruir, colocar ao chão, um lugar que fez parte da história do automobilismo mundial.
Mas por que eu não me surpreendo? Porque este país não se importa com a história de nada. Não se importa com seus patrimônios, não liga para o valor cultural de suas conquistas esportivas.
Eu fico muito triste com isto, de verdade. A primeira vez que vi e ouvi um carro de F1 na minha vida, em 1989, foi em Jacarepaguá. Lá pude ver ídolos como Prost, Senna e Mansell ao vivo, ainda que apenas em um treino livre, mas foi a minha primeira vez e até hoje, me lembro com carinho daquele dia, ao lado de meu pai, minha mãe, minha irmã e de uma tia querida, que hoje já não está mais entre nós.
Tenho certeza que os verdadeiros fãs do automobilismo sentirão falta de Jacarepaguá!
Beijinhos, Ludy
Comentários
(Paula Ferraz)
Bjusss!
(Paula Ferraz)