Kimi não é político, diz o amigo Vettel

Antes de corrida em casa, Vettel fala sobre fama e elogia amigo Räikkönen: “Ele não é político”

Em entrevista ao site oficial da F1, Sebastian Vettel falou sobre o lado ruim da fama, elogiou o amigo Kimi Räikkönen por ser “verdadeiro” e destacou a competitividade da temporada 2012, elegendo Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Michael Schumacher como destaques

Faltando exatamente uma semana para o começo das atividades de pista do GP da Alemanha, que neste ano será disputado em Hockenheim, Sebastian Vettel deu uma entrevista ao site oficial da F1. E o mais novo bicampeão mundial da história da categoria falou sobre fama — principalmente o seu lado ruim —, a competitividade na temporada 2012 e seus destaques, e reservou palavras elogiosas para o amigo Kimi Räikkönen, que sempre se mostrou avesso ao status de glamour que a F1 sugere.

Na entrevista, publicada nesta sexta-feira (13), Vettel falou sobre a expectativa pelo GP da Alemanha. O piloto da Red Bull jamais venceu correndo em casa e quer aproveitar a ascensão da Red Bull para finalmente triunfar diante dos seus fãs. “Claro, é uma corrida especial, sem dúvida. Então é diferente, sim. Mas por outro lado, não consegui muitos pontos lá, por isso vou aproveitar o fim de semana e fazer o meu melhor, isso é evidente.”

Após ter finalizado o GP da Inglaterra, no último domingo (8), em terceiro, Vettel assumiu a terceira posição do Mundial de Pilotos e agora soma 100 pontos, 29 a menos que o líder, Fernando Alonso, e 16 atrás do companheiro de equipe, Mark Webber. Em Hockenheim, a temporada chega à sua metade e, para Sebastian, tudo está muito longe de ser definido, já que o campeonato está bastante equilibrado. O número 1 do mundo elegeu alguns destaques nesta F1 equilibrada de 2012.

“No momento ainda está tudo muito competitivo. Há um número de pilotos que estão em um nível parecido, os resultados mostram isso. Três de nós estão separados por 29 pontos depois de nove corridas. Acho que os pilotos que se destacam no momento são Fernando, um dos pilotos mais completos, e Lewis, que é muito rápido, embora tivesse um pouco de azar em Silverstone. E há muitos outros. Michael ainda está em forma, não acho que ele a perdeu ainda. A verdade é que seu desempenho é tão bom quanto você e o pacote que você tem, e que pode mudar a cada quinzena”, avaliou o jovem de Heppenheim, que completou 25 anos dez dias atrás.

Com apenas 90 GPs disputados, Vettel está em sua sexta temporada, mas detém marcas incríveis para um piloto da sua idade: 22 vitórias, 33 poles — o quinto maior da estatística na história da F1 — 39 pódios e dois títulos mundiais. A série de êxitos fez de Sebastian um homem famoso em todo o mundo. Contudo, segundo o próprio piloto, nem tudo é perfeito. Questionado sobre o que menos lhe agrada quando o assunto é fama, Vettel não titubeou.

“O que as pessoas não veem. Elas veem você no carro, veem você correndo. Mas elas não veem o que é preciso fazer para alcançar este nível: disciplina, treinamento diário e o trabalho, superando as tentações internas. Esses são os desafios únicos que o mundo lá fora não vê. E depois há também o desafio intelectual, nas reuniões com os seus engenheiros, estar no mesmo nível de discussão que eles estão, entender o que está acontecendo em um ambiente quase que de laboratório. Esses aspectos todos ficam escondidos dos fãs. Eles não gostam disso porque eles não veem isso. Ao ligar a televisão e ver a classificação, você até pode pensar que é muito barulho por nada, apenas algumas voltas. Mas para chegar lá é uma maratona de 24 horas e sete dias por semana durante, pelo menos, dez meses”, explicou o taurino. 

Outro fator que às vezes desagrada Vettel é o fato de ter pouco tempo para estar próximo da família e amigos, já que, com um calendário extenso, de 20 corridas neste ano, a temporada é repleta de viagens. Ao ser perguntado sobre como é estar vivendo o sonho de ser um piloto e um campeão da F1, o piloto da Red Bull deixou claro que tem uma visão diferente do assunto. 

“Diferente do que você pode imaginar. Você sempre sonha em estar correndo e, quanto a isso, nada pode ser maior. Mas a vida que você leva não pode ser um sonho porque você não sabe como será. Você está permanentemente viajando, tem um trabalho de 24 horas por dia e sete dias por semana e tem pouco tempo para si mesmo e ainda menos tempo para amigos e familiares”, explicou Sebastian, descartando qualquer tipo de reclamação. 

“Não me interpretem mal, não estou reclamando, eu amo viver esta vida e, se eu pudesse escolher tudo de novo escolheria isso, tenho a maior satisfação em correr. Jamais encontrei nada que me desse o mesmo nível de diversão. Mas eu também tenho de admitir que [essa vida] vem com uma bagagem. Nem tudo o que reluz é ouro”, filosofou o alemão. 

Cercado de mulheres e das benesses que a F1 é capaz de proporcionar, Vettel descartou qualquer apreço pelo lado mais midiático da categoria e prefere abordar simplesmente o aspecto esportivo. “Acho que a F1 e o glamour andam de mãos dadas sim, mas para mim, o esporte, é claro, tem prioridade. Há mais fascínio com os aspectos técnicos do que com a menina que fica no grid ao lado do seu carro. Isso não quer dizer que nunca me atrevo a dar uma olhada, mas não é definitivamente o ponto alto do meu fim de semana (risos).” 

Por fim, o bicampeão do mundo reservou palavras elogiosas ao amigo Räikkönen, que sempre deixou claro que jamais se mostrou à vontade com o chamado glamour na F1. 

“O que eu admiro são pessoas que não ligam para isso. Kimi Räikkönen, por exemplo. Você pode gostar dele ou não, mas ele vive à sua maneira. Ele faz coisas que ele identificou como dignas e ele não está tentando ser querido de todos. Pelo menos ele dá essa impressão. Ele é direto e sincero, ele te diz se ele não está em um bom dia. Ele é verdadeiro, não é político. Ele nunca está tramando algo. Se ele não quer lhe dizer uma coisa, ele vai dizer, não vai te enrolar. Ele não faz rodeios”, elogiou Sebastian. 

Fonte: Grande Prêmio

Já tinha lido a entrevista em inglês e estava esperando a tradução para postar aqui. Isto, este último parágrafo, era uma das poucas coisas que eue realmente sentia falta quando Kimi corria na F1, da amizade entre ele e Vettel. Ele foi perguntado ao falar do Kimi, quem ele achava que era mais legal, Brad Pitt, Barack Obama ou Homer Simpson e depois de começar a explicar melhor, ele acabou citando Kimi e daí o texto do último parágrafo.

E a recíproca de Kimi é verdadeira. Ele gosta de Vettel também. A amizade dos dois é uma das poucas coisas na categoria que me faz verdadeiramente feliz! #fato

E para encerrar, excelente entrevista do Vettel. Está certíssimo sobre o lance da família, da fama e do esforço que se tem que fazer para estar onde, eles, campeões e melhores pilotos do mundo estão.

Beijinhos, Ludy