Coluna Velocidade e Batom: "Quis o destino" por Ludy Coimbra

Coluna Velocidade e Batom: "Quis o destino" por Ludy Coimbra

Eu me lembro como se fosse hoje a sensação de incredulidade que eu vivi naquele GP de Abu Dhabi de 2009. Lembro-me de ter chorado as dez últimas voltas porque sabia que era um adeus. Foi uma dor que até hoje eu não sou capaz de descrever. Kimi saía da F1 por baixo e humilhado. 

Naquele fim de semana, embora eu tivesse esperanças bem pequenas de vê-lo na McLaren, eu sabia que era o momento de ver Kimi dizer adeus à F1. Mas quis o destino que não fosse assim e depois de pequenas férias no WRC, cá estamos nós de novo, Kimi e eu. Ele lá e eu cá. 

O resultado de hoje pode não parecer importante para a maioria, mas para mim, para os fãs de Kimi, é como uma vitória, por tudo que fomos obrigados a suportar desde o momento em que Kimi foi dispensado da F1. As críticas injustas, as mentiras, os julgamentos feito por pessoas que jamais viram o Kimi que eu vejo, que seus fãs veem. 

O pódio de hoje (que chega 2 anos, 7 meses e 23 dias depois da sua última vitória na F1, que aconteceu na Bélgica, o seu reino, e 2 anos, 7 meses e 10 dias depois de seu último pódio, o terceiro lugar em Monza) vem para calar a boca de todos que sempre duvidaram deste piloto só pelo fato dele não falar muito, por não gostar de bajular jornalistas, por ser sempre ele, mesmo quando todos querem que ele seja outra pessoa. 

Eu torço pelo Iceman há 7 anos, já tive algumas derrotas dolorosas e injustas (que sim, fazem parte do esporte), mas fui abençoada por estar em Interlagos naquele 21 de outubro de 2007 e poder presenciar Kimi conquistar o maior sonho de sua vida. 

Hoje, enquanto estava nervosa esperando final da corrida, foi como se um filme destes 7 anos passasse em minha mente. As sensações, as lembranças, as dores, as alegrias, tudo. E depois de já ter visto o Iceman sair da F1, se aventurar pelo WRC (me fazendo descobrir um novo mundo e me ensinado tanto em dois anos de rally) e retornar à categoria de Todt e Ecclestone, eu aprendi mais uma coisa, mesmo quando eu fico com raiva por Kimi fazer escolhas que não me agradam, eu preciso fechar os olhos e acreditar, porque às vezes o destino traz coisas boas àqueles que lutam por elas. E Kimi é uma destas pessoas. 

É por isto que para mim este pódio é tão especial, porque ele aliviou meu coração, acalmou meus medos, clareou meus pensamentos e me deu novas esperanças. Não acho que será possível lutar por título, mas agora que o primeiro pódio já veio, que venham outros e acima de tudo, que venha o dia de poder ouvir novamente o hino finlandês ser tocado na F1. Sei que a ansiedade toma conta de Kimi, que seu desejo de vitória é grande, mas também sei que quando ele vencer, será especial. Como ele merece que seja. 

Beijinhos, Ludy