"Raikkonen era a única opção para a Lotus" por Tony Dodgins
Raikkonen era a única opção para a Lotus
Tony Dodgins
27/01/2012
Kimi Raikkonen está de volta e anda com uma Renault de dois anos atrás no circuito Ricardo Tormo, em Valência, enquanto eu escrevo.
Durante o inverno, ouvi muita discussão sobre se a decisão da Lotus (ex-Renault) de assinar com ele foi sensata ou não. Acho que é um fato positivo de ele estar andando em um carro não contemporâneo em um circuito que não está no calendário, com pneus que não serão utilizados.
O teste servirá para que ele coloque força nos músculos do pescoço, algo que ele não experimentou nos últimos dois anos. Apesar de qualquer coisa, isso mostra que ele está sério. Eu já disse em uma coluna anterior que não acho que a Lotus, como a equipe é conhecida agora, assumiu um risco, e mantenho isso.
Se você acredita no que foi publicado no jornal italiano “Gazzetta dello Sport”, Jarno Trulli disse que será difícil para Raikkonen se readaptar à F1 e que ele não será rápido no começo.
Trulli pode estar certo, mas ainda acho que, como qualquer outro time da F1 nesta fase do ano, a maneira como o tempo vai correr para a Lotus terá mais a ver com o desempenho do novo chassi no primeiro teste na Espanha, no mês que vem, do que com o homem que o estiver pilotando.
Para mim, seria um risco maior se a Lotus não tivesse contratado Kimi. A única preocupação da equipe deveria ser se ela está pagando mais do que deveria para ele, o que, considerando que ele não tinha muitas opções, deve ter sido algo que eles conseguiram, mesmo que o empresário Dave Robertson negociando do outro lado da mesa.
Você tem que considerar o que a equipe perdeu. Fernando Alonso continua dizendo que acha Robert Kubica o melhor pilotos de todos. Talvez, ele esteja querendo evitar Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, mas, se ele não acredita nisso, por que dizer?
Como substituto de Kubica, você não poderia apenas ir atrás de um piloto mais velho. Você quer competir pelo campeonato, tem que ser alguém que defina corridas e motive a equipe. Se você olhar na Red Bull, McLaren, Ferrari e Mercedes, todas têm pelo menos um piloto assim.
Uma pessoa que venceu um campeonato mundial e 18 corridas estava por ali, querendo correr. Ao invés de perguntar se você ousaria contratá-lo, a pergunta talvez seja se você ousaria não chamá-lo. Pilotos como ele não nascem em árvores.
As circunstâncias da chegada de Raikkonen na F1 na primeira vez me fizeram questionar se Trulli estaria certo sobre ele demorar um tempo para ganhar velocidade. Quando ele saiu da F-Renault e sentou em uma Sauber, em Mugello, há 12 anos, levou 10 minutos para entrar no ritmo. E ele não cometeu erros.
A única questão é a forma física e qualquer tipo de abuso por parte de Raikkonen. Alguém com o comprometimento físico de Michael Schumacher não conseguiu manter o nível, mas, por outro lado, Kimi tem 32 anos, não 43.
Se você estivesse procurando alguém para um carro superior e defender um campeonato mundial, a equação seria um pouco diferente. Mas, mesmo assim, não existiriam muitas opções brilhantes para escolher.
Romain Grosjean pode ser um contraponto perfeito para Raikkonen. Ele é rápido, jovem e grato por uma segunda oportunidade. Se minha vida dependesse de qual dos dois pilotos da Lotus irá melhor nas primeiras corridas de 2012, eu estaria preocupado.
Alguns dizem que vai depender de qual Kimi aparecer. Será o de 2003 na McLaren ou a de 2008 na Ferrari? Muitos dizem que eles não eram a mesma pessoa.
As pessoas da Ferrari dirão que ficaram impressionados com o Raikkonen que eles conheceram em 2007, seu primeiro ano na equipe. A sua habilidade de pilotar o carro com bastante frente e traseira solta, talvez ainda mais do que Michael Schumacher.
E que, apesar da reputação de não ter mostrado muito interesse, eloquência ou engajamento pessoal, a sua compreensão imediata e capacidade mental para aspectos técnicos do carro eram incríveis.
Que ele entrou em um caminho ruim na Ferrari é inegável, mas, ironicamente, no momento em que a equipe de Maranello o preteriu em favor a Alonso, ele estava pilotando bem novamente. É justo dizer, talvez, que ele não tinha se adaptado bem aos pneus e às características do carro de 2008. Kimi não se dá bem com modelos que saem de frente.
O próprio homem disse que se acostumar com os pneus será o único desafio que ele irá enfrentar, e que talvez seja um momento ruim para um retorno, já que você não pode fazer vários testes.
Foi interessante ouvir o diretor técnico da Lotus, James Allison, explicar que ele não seguiria o caminho que ele fez com o escapamento virado para frente do ano passado se ele tivesse um melhor conhecimento dos pneus Pirelli do ponto de vista de comprometimento ao projeto.
A equipe começou o ano passado bem, diz ele, pois as outras ainda não tinham se adaptado aos difusores soprados – com exceção da Red Bull e da McLaren – e a Renault estava na vanguarda das estratégias de mapeamento de motores.
Com o passar da temporada, as outras evoluíram e a ultrapassaram, e a Renault ficou limitada pela a sua aposta no escapamento e ficou com um carro difícil, com pouca força aerodinâmica na traseira.
Sendo mais convencional em 2012, você pode esperar um nível melhor da equipe em relação a 2011. E, se for o Raikkonen altamente competitivo que apareça, a Lotus já tem um piloto que sabe como vencer um campeonato. E existem apenas mais cinco desses no grid.
Fonte: Tazio
Li muita coisa esta semana em função do retorno de Räikkönen em um carro de F1, mas ainda não tinha lido este texto, publicado ontem. Concordo com muito do que o autor escreveu, em especial com a parte em que ele fala sobre o fato de Kimi não ter ido bem em 2008 mais pela falta de adaptação ao carro e aos pneus e sobre 2009, pelo fato das pessoas não terem dado crédito a ele por ter feito uma boa temporada, apesar dos pesares.
A única coisa que a maioria das pessoas se lembra de Kimi a partir de 2008 é que ele não era comprometido. Foi mais fácil colocar a culpa nele do que perceber que para o finlandês, como acontece com muitos pilotos ao longo de suas carreiras, aquele foi um ano ruim, 2008. Mas não ficarei remoendo coisas do passado. Se eu pudesse, apagava a história de Kimi na Ferrari em 2008 e 2009 e a reescreveria em qualquer outra equipe, mas o passado é passado e não podemos mudá-lo.
Ainda sobre o texto acima, também acho que a Lotus fez a escolha certa. Ter um campeão do mundo no mercado, com idade para voltar a competir, com capacidade para isto, com talento necessário, com motivação (sim, ele tem, sempre teve e quem não acredita nisto que se exploda...) e com experiência e deixar passar, seria burrice.
Fácil é óbvio que não será. Nem para Kimi, nem para a equipe, mas acho que tanto a Lotus quanto o piloto podem se dar bem com esta união. Vai depender do trabalho de ambos e acho que mesmo não competindo por vitórias e títulos (porque isto é praticamente impossível), será um bom começo para esta parceria.
Beijinhos, Ludy
Tony Dodgins
27/01/2012
Kimi Raikkonen está de volta e anda com uma Renault de dois anos atrás no circuito Ricardo Tormo, em Valência, enquanto eu escrevo.
Durante o inverno, ouvi muita discussão sobre se a decisão da Lotus (ex-Renault) de assinar com ele foi sensata ou não. Acho que é um fato positivo de ele estar andando em um carro não contemporâneo em um circuito que não está no calendário, com pneus que não serão utilizados.
O teste servirá para que ele coloque força nos músculos do pescoço, algo que ele não experimentou nos últimos dois anos. Apesar de qualquer coisa, isso mostra que ele está sério. Eu já disse em uma coluna anterior que não acho que a Lotus, como a equipe é conhecida agora, assumiu um risco, e mantenho isso.
Se você acredita no que foi publicado no jornal italiano “Gazzetta dello Sport”, Jarno Trulli disse que será difícil para Raikkonen se readaptar à F1 e que ele não será rápido no começo.
Trulli pode estar certo, mas ainda acho que, como qualquer outro time da F1 nesta fase do ano, a maneira como o tempo vai correr para a Lotus terá mais a ver com o desempenho do novo chassi no primeiro teste na Espanha, no mês que vem, do que com o homem que o estiver pilotando.
Para mim, seria um risco maior se a Lotus não tivesse contratado Kimi. A única preocupação da equipe deveria ser se ela está pagando mais do que deveria para ele, o que, considerando que ele não tinha muitas opções, deve ter sido algo que eles conseguiram, mesmo que o empresário Dave Robertson negociando do outro lado da mesa.
Você tem que considerar o que a equipe perdeu. Fernando Alonso continua dizendo que acha Robert Kubica o melhor pilotos de todos. Talvez, ele esteja querendo evitar Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, mas, se ele não acredita nisso, por que dizer?
Como substituto de Kubica, você não poderia apenas ir atrás de um piloto mais velho. Você quer competir pelo campeonato, tem que ser alguém que defina corridas e motive a equipe. Se você olhar na Red Bull, McLaren, Ferrari e Mercedes, todas têm pelo menos um piloto assim.
Uma pessoa que venceu um campeonato mundial e 18 corridas estava por ali, querendo correr. Ao invés de perguntar se você ousaria contratá-lo, a pergunta talvez seja se você ousaria não chamá-lo. Pilotos como ele não nascem em árvores.
As circunstâncias da chegada de Raikkonen na F1 na primeira vez me fizeram questionar se Trulli estaria certo sobre ele demorar um tempo para ganhar velocidade. Quando ele saiu da F-Renault e sentou em uma Sauber, em Mugello, há 12 anos, levou 10 minutos para entrar no ritmo. E ele não cometeu erros.
A única questão é a forma física e qualquer tipo de abuso por parte de Raikkonen. Alguém com o comprometimento físico de Michael Schumacher não conseguiu manter o nível, mas, por outro lado, Kimi tem 32 anos, não 43.
Se você estivesse procurando alguém para um carro superior e defender um campeonato mundial, a equação seria um pouco diferente. Mas, mesmo assim, não existiriam muitas opções brilhantes para escolher.
Romain Grosjean pode ser um contraponto perfeito para Raikkonen. Ele é rápido, jovem e grato por uma segunda oportunidade. Se minha vida dependesse de qual dos dois pilotos da Lotus irá melhor nas primeiras corridas de 2012, eu estaria preocupado.
Alguns dizem que vai depender de qual Kimi aparecer. Será o de 2003 na McLaren ou a de 2008 na Ferrari? Muitos dizem que eles não eram a mesma pessoa.
As pessoas da Ferrari dirão que ficaram impressionados com o Raikkonen que eles conheceram em 2007, seu primeiro ano na equipe. A sua habilidade de pilotar o carro com bastante frente e traseira solta, talvez ainda mais do que Michael Schumacher.
E que, apesar da reputação de não ter mostrado muito interesse, eloquência ou engajamento pessoal, a sua compreensão imediata e capacidade mental para aspectos técnicos do carro eram incríveis.
Que ele entrou em um caminho ruim na Ferrari é inegável, mas, ironicamente, no momento em que a equipe de Maranello o preteriu em favor a Alonso, ele estava pilotando bem novamente. É justo dizer, talvez, que ele não tinha se adaptado bem aos pneus e às características do carro de 2008. Kimi não se dá bem com modelos que saem de frente.
O próprio homem disse que se acostumar com os pneus será o único desafio que ele irá enfrentar, e que talvez seja um momento ruim para um retorno, já que você não pode fazer vários testes.
Foi interessante ouvir o diretor técnico da Lotus, James Allison, explicar que ele não seguiria o caminho que ele fez com o escapamento virado para frente do ano passado se ele tivesse um melhor conhecimento dos pneus Pirelli do ponto de vista de comprometimento ao projeto.
A equipe começou o ano passado bem, diz ele, pois as outras ainda não tinham se adaptado aos difusores soprados – com exceção da Red Bull e da McLaren – e a Renault estava na vanguarda das estratégias de mapeamento de motores.
Com o passar da temporada, as outras evoluíram e a ultrapassaram, e a Renault ficou limitada pela a sua aposta no escapamento e ficou com um carro difícil, com pouca força aerodinâmica na traseira.
Sendo mais convencional em 2012, você pode esperar um nível melhor da equipe em relação a 2011. E, se for o Raikkonen altamente competitivo que apareça, a Lotus já tem um piloto que sabe como vencer um campeonato. E existem apenas mais cinco desses no grid.
Fonte: Tazio
Li muita coisa esta semana em função do retorno de Räikkönen em um carro de F1, mas ainda não tinha lido este texto, publicado ontem. Concordo com muito do que o autor escreveu, em especial com a parte em que ele fala sobre o fato de Kimi não ter ido bem em 2008 mais pela falta de adaptação ao carro e aos pneus e sobre 2009, pelo fato das pessoas não terem dado crédito a ele por ter feito uma boa temporada, apesar dos pesares.
A única coisa que a maioria das pessoas se lembra de Kimi a partir de 2008 é que ele não era comprometido. Foi mais fácil colocar a culpa nele do que perceber que para o finlandês, como acontece com muitos pilotos ao longo de suas carreiras, aquele foi um ano ruim, 2008. Mas não ficarei remoendo coisas do passado. Se eu pudesse, apagava a história de Kimi na Ferrari em 2008 e 2009 e a reescreveria em qualquer outra equipe, mas o passado é passado e não podemos mudá-lo.
Ainda sobre o texto acima, também acho que a Lotus fez a escolha certa. Ter um campeão do mundo no mercado, com idade para voltar a competir, com capacidade para isto, com talento necessário, com motivação (sim, ele tem, sempre teve e quem não acredita nisto que se exploda...) e com experiência e deixar passar, seria burrice.
Fácil é óbvio que não será. Nem para Kimi, nem para a equipe, mas acho que tanto a Lotus quanto o piloto podem se dar bem com esta união. Vai depender do trabalho de ambos e acho que mesmo não competindo por vitórias e títulos (porque isto é praticamente impossível), será um bom começo para esta parceria.
Beijinhos, Ludy
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