Octeto Entrevista: Rafael Lopes

O mês está acabando e vocês acharam que não haveria um Octeto Entrevista não é mesmo? rsrs... Claro que não!!!! Pois bem, o convidado do mês é um parceiro de alguns carnavais já. Estou falando de Rafael Lopes, repórter do GloboEsporte.com e responsável pelo blog Voando Baixo.

Rafael gentilmente aceitou o nosso convite para um bate-papo que posto agora para vocês. Confiram aí, porque ficou muito bacana. E no final desta postagem tem um convitinho para todos. rsrs...


Rafael Lopes no parque temático Ferrari World - Abu Dhabi 2010

1. Rafael, fale-nos um pouquinho sobre você. Como se tornou jornalista especializado em automobilismo? Foi algo que você procurou ou aconteceu naturalmente?
R: Não foi por acaso, é verdade. Quando era mais novo, queria ser piloto de Fórmula 1. Até fiz algumas corridas de kart, mas o custo alto não deixou que meus pais continuassem a bancar a carreira. Como sempre gostei de escrever e o esporte em casa sempre foi uma paixão, foi um pulo. E adoro Fórmula 1 e automobilismo desde pequeno. Juntou o útil ao agradável.

2. A paixão pelo automobilismo é herança de família ou algo que você aprendeu sozinho?
R: A culpada por vocês me aturarem hoje se chama Nanci e é minha mãe. Ela sempre foi apaixonada por corridas e é uma grande fã de Ayrton Senna. Mas ela acompanha Fórmula 1 há muito tempo... De vez em quando ouço ela falar de François Cevert...


Um dia de mecânico - GP do Brasil 2010 (vídeo aqui)

3. Você é repórter do GloboEsporte.com e responsável pelo Blog Voando Baixo. Como é a sua rotina de trabalho?
R: Não vou mentir para vocês: é complicado conciliar. Basicamente, trabalho de 8h às 16h na redação do site, quase todo dia. Neste tempo, a prioridade é sempre escrever as notícias de Fórmula 1. Mas sempre que dá, encaixo o trabalho no blog. Só que escrevo no Voando Baixo mais em casa, com calma e longe da correria do dia a dia. É quase que como uma terapia.

4. O Blog Voando Baixo tem uma grande audiência, isto traz muitos comentários, muita discussão entre os leitores. Como funciona esta dinâmica para você? Como é lidar com a opinião dos leitores?
R: Vamos lá: adoro a interação com os leitores. Muita gente me dá boas idéias, bons toques para posts ou até mesmo matérias. Gosto dessa troca. Alguns leitores fiéis também adoram o “Que GP é esse?”. Agora, tem fases do ano mais complicadas, principalmente nas polêmicas. Tem sempre um ou outro que se excede nas críticas e desrespeitam o trabalho. Mas faz parte. Para isso existe o botão “delete”... Vão para a caixa de Spam na hora.

5. Como você vê a participação feminina nas pistas? Recentemente foi confirmado que teremos a Bia Figueiredo fazendo uma temporada completa na F-Indy. Por outro lado, fora das pistas já temos um número considerável de jornalistas especializadas, engenheiras, blogueiras e torcedoras. O que você acha desta visão feminina sobre o esporte?
R: Não gosto de ver o automobilismo como um “clube do Bolinha”. As mulheres desempenham funções importantes há muito tempo e demorou para isso acontecer nas pistas. A Bia é um talento que pode dar muito certo na Indy. No jornalismo isso já acontece há mais tempo. É só ver o exemplo da Alessandra Alves e da Tatiana Cunha, da Folha de S. Paulo. E gosto muito de ver o aumento das blogueiras e das torcedoras. É outra visão, menos “viciada” do que a dos homens, consegue dar atenção para o fora da pista também.

6. Como você vê a situação do cenário nacional em termos de pilotos? Independente de categoria, o Brasil tem futuro no automobilismo mundial?
R: Não dá para negar que a situação é complicada. A ausência de categorias de base por anos no país causou um buraco no desenvolvimento dos nossos pilotos, além do custo cada vez maior do kart. Talvez estejamos diante de uma das últimas gerações boas – a galera que está na base europeia, como o Luiz Razia, o César Ramos e o Felipe Nasr.

7. Quem foi o melhor piloto da história da F-1 para você? E a melhor equipe?
R: Impossível não dizer que foi o Ayrton Senna. Acompanhei a carreira dele desde 1988, quando ainda era muito novo, incentivado por minha mãe. Vi o impacto da carreira dele quando fui a Donington Park, em 2008, em que os ingleses prestavam reverência a ele. Acho que a melhor equipe, até pela idade, é a Ferrari. Mas a disputa com a McLaren é bem dura.


GP do Brasil de 1991

8. Nestes anos acompanhando a categoria, seja como entusiasta e depois como jornalista, qual foi ou quais foram os momentos que mais te marcaram?
R: Momentos marcantes? Acho que, como torcedor, o GP do Brasil de 1991, quando Senna venceu apenas com a sexta marcha e o GP do Japão de 1988, com aquela fantástica corrida de recuperação que marcou a conquista de seu primeiro título. Como jornalista, cobri algumas provas no local, mas a mais marcante foi o GP do Brasil de 2008, quando Felipe Massa perdeu o título mundial por 500 metros, quando Timo Glock não segurou Lewis Hamilton. O GP de Abu Dhabi do ano passado, onde cobri o título de Sebastian Vettel, foi sensacional para mim.

9. A temporada 2011 da F-1 vai começar em alguns dias e este ano teremos algumas novidades como a volta do KERS, da regra do 107%, a introdução oficial das asa móvel traseira, além de uma nova fornecedora de pneus. Quais são as suas expectativas com relação a isto? E em quem você aposta para lutar pelos campeonatos de piloto e construtores?
R: Acho que a categoria caminha para mais artificialidade na tentativa para aumentar as ultrapassagens. Não gosto da asa móvel, acho que daria para resolver o problema de outra maneira. Quanto ao Kers, eu gosto. É uma tecnologia interessante, ecológica. Os pneus menos resistentes serão bons para o espetáculo e os 107% são justos para não deixar um carro sem condições entrar na pista. Acho que veremos mais um duelo entre Red Bull e Ferrari, com a McLaren correndo por fora por causa dos problemas. Briga entre Sebastian Vettel, Fernando Alonso, Felipe Massa e Mark Webber, com Lewis Hamilton e Jenson Button incomodando.

10. Como você acha que será a temporada de Michael Schumacher nesta temporada? Será que ele realmente fez certo ao retornar?
R: Acho que Michael Schumacher não fez bem ao retornar à categoria. Ele não precisava provar mais nada para ninguém e tinha tudo a perder. O péssimo primeiro ano poderia manchar seu currículo, mas ele tem tudo para se recuperar em 2011. Os pneus da Pirelli se adaptam bem ao seu estilo de pilotagem. Mas não esperem aquele Schumacher dominador da Ferrari, quando ele vencia corridas com um pé nas costas com a estratégia, principalmente.

11. Recentemente, você fez a cobertura do Rally dos Sertões e do GP de Abu Dhabi de F1. Quais as principais diferenças entre as coberturas? E pessoalmente falando, quais as lembranças que você guarda de eventos tão importantes do calendário do automobilismo mundial?
R: São coberturas completamente distintas. No Rally dos Sertões, é uma questão de achar personagens interessantes, mostrar uma região pouco conhecida do grande público: o interior do Brasil. Em Abu Dhabi, com todas as restrições das equipes, com horários de entrevistas regrados, tudo era uma questão de observação: rotina, lances inusitados, o ambiente da Fórmula 1 na cidade. Minhas melhores matérias lá não precisaram de entrevistas impactantes. Por exemplo, fiquei de olho no dia a dia do Schumacher, que estava esquecido pela imprensa em meio ao turbilhão da disputa do título mundial. É questão de ter um olhar diferente.


F1 Ladies: parceria recente entre o ORT e o Voando Baixo

12. Como você conheceu o Blog do Octeto Racing Team?
R: Olha, conheci buscando notícias do Kimi Raikkonen na internet, há algum tempo já. E desde então sou leitor assíduo. Gosto da visão do blog sobre determinados assuntos e até mesmo um pouco do lado torcedor das blogueiras. É um bom nicho a ser explorado.

13. Gostaria de saber qual a sua opinião sobre os torcedores brasileiros, como nós aqui no Octeto Racing Team, que torcemos por pilotos estrangeiros? Você acredita que o automobilismo é um esporte sem esta amarra da nacionalidade?
R: Acho que você não precisa torcer por um brasileiro. As pessoas admiram quem tem características próximas a ela ou até mesmo idealizadas. No automobilismo, então, você pode torcer para uma equipe que nada tem a ver com o seu país. Acho uma reação natural torcer para estrangeiros, não vejo problemas.

14. Se você fosse chefe de uma equipe de Fórmula 1 e pudesse contratar dois pilotos que fazem parte do Octeto Racing Team (Kimi Räikkönen, Fernando Alonso, Sebastian Vettel, Jenson Button, Nico Rosberg, Jarno Trulli, Jacques Villeneuve, Juan Pablo Montoya ou David Coulthard), qual seria a sua dupla e por quê?
R: Essa é difícil... Mas eu seria ousado. Escolheria Fernando Alonso e Juan Pablo Montoya. O espanhol porque é um bicampeão do mundo, de talento comprovado, com excelentes recursos técnicos. Além disso, faz tudo para vencer. Em relação ao colombiano, sou um grande fã do talento dele. Acho que ele chegou à F-1 em uma época errada. Tivesse ele corrido na década de 1970 e 1980, seria idolatrado. E ainda cometeu o erro de se mudar para a McLaren no auge da fase certinha da equipe. Este merecia um título mundial na F-1.

15. O automobilismo é realmente uma paixão nacional?
R: Sendo direto, diria que não. A paixão nacional do brasileiro é ganhar, não importa em que esporte. Temos um grande número de fãs de automobilismo aqui, mas não é uma unanimidade, longe disso. Mas as corridas de F-1 sempre continuarão a dar audiência, porque este público é fiel. É muito difícil ver alguém deixar de gostar do esporte.

Bom, antes de encerrar quero agradecer ao Rafael por ter dedicado um espacinho do tempo dele para participar do Octeto Entrevista. Valeu mesmo Rafael, foi muito bacana ouvir suas histórias e opiniões sobre este esporte que tanto curtimos!

E sobre o convite ao qual me referi no começo da postagem é para que todos participem da twitcam que ele vai promover hoje (na verdade, de hoje para amanhã), a partir da 0h (horário de Brasília), para falar é claro, sobre o começo da temporada 2011 da F1. Para quem não sabe, o endereço dele no twitter é @voandobaixo. Participem!

É isto aí galerinha, espero que tenham gostado e até o próxima Octeto Entrevista.

Beijinhos, Ludy

Comentários

wagner disse…
Concordo quando Rafael fala sobre Montoya. O colombiano foi mal interpretado na categoria, onde seus erros foram maximizados. Era mt bom ver Montoya jogando o carro em cima do Shumacher, dividindo na marra as curvas! Bons tempos! Esse merecia um título!
Muito boa a entrevista!!

Temos que agradecer ao Rafael a participação aqui no nosso Octeto Entrevista!!! Muito legal!!!

Bjinhussss, Tati

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