Pai e filho criados pelo acaso

Matéria que li no site das minhas amigas do KimiManiaBrasil. Um fã do Iceman tentando a vida de piloto da Inglaterra.

Pai e filho passeiam por Londres, em junho. Rodolpho foi visitar Fábio e teve a alegria de vê-lo ganhar uma corrida no circuito de Brands Hatch

Pai e filho criados pelo acaso

Fábio entrou na vida do jornalista Rodolpho Gamberini ainda bebê, filho de sua empregada
Por Regina Echeverria

Há dois anos, Fábio Gamberini, 17, vive na Europa, mais exatamente em Oxford, Inglaterra, onde mora sozinho, estuda inglês e matemática, faz academia todos os dias e desafia a velocidade num carro da categoria F-Renault. Além de ser um jovem piloto em ascensão, Fábio carrega consigo uma comovente história de amor e comprometimento entre um pai não biológico e um filho adotado.

Vindos de dois mundos bem distintos - Rodolpho, 56, jornalista conhecido que atua no SBT e próspero empresário, e Fábio, filho de uma faxineira que mora numa favela perto do Grajaú, periferia de São Paulo -, os dois viram seu destino ser escrito quando o menino tinha apenas 8 meses. Hoje, eles já são os Gamberini, pai e filho unidos por laços mais intensos e profundos do que os legados pela herança genética.

Esta história começa em 1993, quando Rodolpho era casado com Vitória. Em busca de uma empregada doméstica, ela contou ao marido que havia encontrado uma ótima moça, com um porém: ela tinha um bebê de 8 meses e teria de levá-lo para o trabalho. Rodolpho imediatamente aceitou: ''Acho que você deve contratá-la, mesmo porque, se não a contratarmos, ela não vai arrumar emprego em lugar algum''.

Foi assim que Marilena Aguiar, a Lena, e seu pequeno Fábio foram parar na casa e na vida de Rodolpho. O amor entre eles começou ali. Quando Fábio completou 6 anos, o casal se separou, e Lena, o filho e Rodolpho se mudaram para a casa dos pais dele, onde Fábio foi recebido como um neto.

Entre dois mundos

Até então, o pequeno Fábio convivia com duas realidades, a casa de Rodolpho durante a semana e a favela, aos sábados e domingos, onde morava a mãe, o marido dela e outro filho. O jornalista começou a se incomodar com aquela situação: ''O Fábio não poderia viver em dois mundos tão diferentes. Crescer como filho de um cara de classe média alta, já que ele tinha motorista, aula de inglês, e, ao mesmo tempo, com uma parte da vida na favela. Ou você é daqui ou você é dali'', afirma.

Ele resolveu, então, fazer uma proposta para Lena, que incluía sua demissão, já que, em sua opinião, ela andava negligenciando o trabalho doméstico. Ele lembra das palavras que disse para a mãe do menino: ''Falei que o Fábio estava estudando em uma boa escola, fazendo curso de inglês e, se continuasse naquele caminho, ficaria rico e poderia ajudá-la no futuro. Pedi que ela o deixasse estudando onde estava e morando com a gente nos dias de semana''.

Rodolpho ainda propôs pagar o mesmo salário que ela receberia em outra casa, com 13º e férias. Com isso, Lena ganharia em dobro. ''Eu falei para ela: não estou roubando o seu filho de você.'' A resposta dela foi um sonoro ''Não quero''. Rodolpho insistiu e fez uma segunda proposta: se ela concordasse em deixar Fábio na escola Ibeji, em São Paulo, onde estava matriculado, ela poderia escolher a casa onde gostaria de morar com o resto de sua família - Lena teve uma filha, Eumália, que ficou na Bahia, Fábio e Jonis, hoje com 9 anos, de pais diferentes.

O jornalista ainda se comprometeu a pagar aluguel, água, luz, impostos e telefone. Lena poderia morar totalmente de graça, desde que Fábio ficasse na escola e com ele. ''Eu não quero'', repetiu ela. Diante disso, Rodolpho decretou: ''Você está demitida''. E ela se foi levando Fábio, tirou o menino da escola e não o matriculou em outra.

Uma luta de oito meses

Diante dessa situação, Rodolpho decidiu entrar na Justiça para reivindicar o pátrio poder, baseado na Constituição brasileira, que trata como obrigação do pai e da mãe manter um filho menor de 14 anos na escola. E ganhou a parada. A briga na Justiça levou oito meses, e a sentença favorável ao jornalista foi assinada por uma juíza, que optou pelo futuro de Fábio como um Gamberini.

Entre as testemunhas de Rodolpho, estavam a professora da escola, o porteiro que o recebia todos os dias e o pediatra. Todos jamais tinham visto Fábio com a mãe, pois Rodolpho cuidava pessoalmente de todas as atividades do menino. Quando a juíza deu a sentença, o jornalista chamou Lena, diante de todos, e lhe fez uma nova proposta: ''Você está trabalhando?'', perguntou ele. Ela respondeu que não. ''Então, amanhã você começa a trabalhar de novo comigo, não na minha casa, mas na minha rede de estacionamentos.''

Hoje, Lena é faxineira da rede e mantém uma boa relação com todos. ''É uma pessoa de ótima índole, ótimo caráter, tem toda a minha confiança, sempre cuidou muito bem do Fábio, mas é uma pessoa com pouca instrução, que mal sabe escrever o nome'', conta Rodolpho. E a paz se fez entre os três. O cotidiano de pai e filho foi logo restabelecido e a paixão só foi aumentando.

No automobilismo, o primeiro contato de Fábio foi com o kart, quando ele tinha 7 anos e foi levado por Rodolpho ao kartinho do Jaguaré, na capital paulista. ''Lá, conheci um garoto que corria e me convidou para vê-lo numa competição. Fui, vi e nunca mais quis sair dali'', diz Fábio, campeão brasileiro de kart na categoria júnior menor em 2005. Em 2006, foi vice-campeão paulista.

No ano passado, ele se mudou para Oxford, na Inglaterra, onde ficou por uma temporada na F. Ford inglesa. Neste ano, saltou para a F-Renault, que revelou o finlandês Kimi Raikkonen anos atrás. Antes de chegar à F1, Fábio precisa passar por outras duas categorias. E Rodolpho está preparando um projeto para o Ministério do Esporte, com base em uma lei que dá direito ao atleta de disputar patrocínio.

Do Brasil, o pai acompanha os treinos e corridas do filho pela internet, mas assistiu a duas corridas em duas viagens à Inglaterra, uma em Silverstone, em fevereiro, e uma vitória, em junho, em Brands Hatch. De férias em São Paulo, na casa do pai na City Lapa, onde Rodolpho nasceu e viveram seus avós paternos, Fábio aproveita para ver a mãe, que não pensa em visitá-lo no exterior, por puro medo de avião.

A vida em Oxford está sendo uma nova aventura para ele: ''Viver lá é diferente, mais profissional, menos bagunça'', conclui. Embora saiba dirigir desde os 8 anos e de já ter comandado um carro a mais de 250 quilômetros por hora, ninguém verá Fábio Gamberini dirigindo pelas ruas da capital paulista.

Como ainda não completou 18 anos, ele não tem carteira de habilitação e, por enquanto, exercita a velocidade apenas nas pistas. Apaixonado por F1 desde pequeno, Fábio é fã de Kimi Raikkonen. O Brasil do futuro, porém, gostaria mesmo é de torcer por Fábio Gamberini.

Uma imagem típica de um momento de diversão entre pai e filho, tirada em 1998

Rodolpho e Fábio na casa em que o filho vive em Oxford, na Inglaterra. Lá, ele trilha uma carreira no automobilismo. Começou na F. Ford Inglesa e, neste ano, saltou para a F-Renault

Fonte: Contigo/Agradecimento: Ale (KimiManiaBrasil) e Karolyn

Beijinhos, Ice-Ludy

Comentários

Silvia disse…
Poxa, que hiatória chata hein...apesar de ter sido melhor pro futuro do garoto fico indignada com essas pesssoas que acham que podem tudo porque têm dinheiro. Que sujeitinho...affff

Bem, como o garoto não tem nada com isso, toda a sorte para a carreira dele :)
Anna disse…
O pior é a edição da matéria da contigo querendo fazer a mãe de monstro e o pai de vítima.. aff. Incrível como o dinheiro compra até o imagem do caráter das pessoas.. eu hein. Mas curiosa a história do rapaz, minha mãe até tinha me dito que os viu no programa da Hebe (hahaha), espero que depois de tantos problemas ele tenha muito sucesso :)

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