E a ética jornalística, onde fica!?
Até onde um jornalista pode ir?!
Alonso tentou se impor como 1º piloto na McLaren, diz jornal; agente nega
A ordem da Ferrari para que Felipe Massa cedesse a vitória do GP da Alemanha a Fernando Alonso gerou críticas sobre a conduta da equipe italiana. Mas, em meio a toda a polêmica, o jornal "The Mirror" acrescentou a informação de que o espanhol já havia tentado impor a posição de primeiro piloto para si, na McLaren, em 2007.
De acordo com o diário inglês, na manhã do GP da Hungria daquele ano, Alonso chamou Ron Dennis e Martin Whitmarsh para uma reunião na qual reivindicou privilégios. No dia anterior, o piloto havia conquistado a pole de maneira suspeita, já que bloqueou o companheiro Lewis Hamilton nos boxes, supostamente para impedi-lo de fazer uma última tentativa de volta rápida. Àquele momento, Fernando estava dois pontos atrás de Lewis. Curiosamente, Hamilton venceu aquela prova, com Alonso apenas em quarto.
O empresário de Alonso, Luis García Abad, negou que o episódio tenha acontecido. "Não quero falar sobre isso, mas, de qualquer forma, não é verdade", disse. No GP da Alemanha, enquanto tentava sem sucesso ultrapassar Massa, Fernando disse, pelo rádio, a frase "isso é ridículo". Voltas depois, a equipe orientou Felipe a deixá-lo passar.
Em recente entrevista, Martin Whitmarsh, chefe da McLaren, falou sobre o período com Hamilton e Alonso no time. "Durante aquela fase, eu me lembro de conversar com os pilotos e com seus empresários e dizer que o que um grande piloto gostaria de fazer é se olhar no espelho e dizer: 'Venci este Mundial com os meus méritos', e não com a equipe tendendo para um lado e dando vantagens a um deles", falou.
(fonte: Grande Prêmio)
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Tenho evitado falar. Tenho tentado resistir, ao máximo,comentar sobre qualquer assunto referente ao GP da Alemanha. Mas à vezes eu não consigo. Só que pretendo fazer desta, a última vez.
Não vou fazer comentários sobre o escrito acima porque está clara a intenção de reviver coisas do passado para polemizar e detonar ainda mais a imagem do Alonso. Tudo que foi dito na notícia acima foi escrita por ingleses, ou seja, algo quase sem credibilidade. Talvez se fosse outra fonte, quem sabe... eu poderia cogitar a hipósete de analisar as ideias. Mas vindo do "The Mirror"... hehehe... só rindo mesmo.
E é neste ponto que eu quero chegar. Foi isso que me fez sair do silêncio: a ética no jornalismo.
Já que estão todos tão indignados com tudo que na Alemanha e revoltados gritando pela ética no esporte, que tal estendermos isso aos que também fazem a F1: a imprensa!
Eles que nos contam o que rola nos bastidores, nos trazem as melhores notícias e imagens ... mas que nem sempre fazem isso com total verdade, porque justamente, são acima de tudo, esquecendo-se daquele que é um dos pilares de um bom profissional jornalista: a ética jornalística.
Não vou me profundar nisso, deixarei que tiram as suas próprias conclusões com as coisas que vou expor aqui, certo?!
Posto agora um trecho de um texto de Felipe Motta, onde ele conta o que aconteceu na coletiva de imprensa após a corrida da Alemanha:
" (...) Após a corrida, a ira da imprensa mundial (basicamente, menos a da Espanha e da Itália) foi clara. Na coletiva de imprensa, e vocês têm o áudio aqui para conferir, todos pegaram pesado, principalmente com Alonso. Questões e comentários como “você disse que prova em Valência foi manipulada e agora suas palavras parecem vazias”, “Fernando, sabemos o que se passou, não precisamos de nenhum conto de fadas, “se você vencer o campeonato, será um campeão sujo”, “ele foi melhor do que você, você precisou do time para vencer”. No meio da entrevista, um inglês, farto das respostas de Alonso, berrou: “Escroto”. E foi bem alto. Como contraponto, a única questão favorável a Alonso foi feita por um espanhol. A platéia foi às gargalhadas ao ouvir “você acha que tudo isso é porque você voltou à luta pelo título?”. (...) "
Aí eu pergunto, já que estamos tanto em ÉTICA ... onde fica a ética jornalística? Onde fica a imparcialidade ?? O jornalista antes do homem/torcedor ?
Será que isso pode?? Será que isso é legal, correto e ético?? Será que vocês leitores, por mais que sejam contra Alonso, concordam e se sentem representados por indíviduos com estes?
Para mim é clara a perseguição a Alonso na mídia inglesa. Isso acontece desde 27 de maio de 2007, quando Alonso ousou vencer Hamilton em Mônaco. De lá para cá... é só isso que se espera da mídia vinda da terra da Rainha.
Bom, e já que eles estão exigindo ética dos pilotos e estão se sentindo enganados, feitos de palhaços, principalmente este jornalista inglês que proferiu "escroto" para o bicampeão, eu pergunto: será que ele pensou em agir na mesma forma com Hamilton ano passado no caso da mentira na Austrália, quando o piloto inglês tentou, mais uma vez, nos enganar até ao ponto de quase inventar o choro?? Hum... acho que não ... assim como não fizeram seus outros "coleguinhas" ingleses como conta Ico:
" (...) A coletiva de imprensa promovida pela McLaren hoje beirou o ridículo. Lewis Hamilton chegou com a mesma expressão de assustado de ontem. Atrás, o pai Anthony e os dois assessores de imprensa da equipe (um é ex-editor da F1 Racing e outro, ex-repórter da Autosport). Com a voz fraquejando, o campeão mundial deu um depoimento espontâneo pedindo desculpas a fãs, membros da equipe e até para a imprensa. Disse que foi incitado a ludibriar os comissários de Melbourne pelo diretor-esportivo Dave Ryan e que não era um mentiroso.
As perguntas foram abertas depois aos jornalistas, mas o mestre-de-cerimônias – o mesmo que comanda as coletivas oficiais da FIA - deixou claro que ele selecionaria quem fosse falar. A palavra, claro, ficou reservada quase que exclusivamente aos ingleses, a maioria, ex-colegas de redação dos hoje assessores da equipe. As perguntas foram amenas, muitas acompanhadas com palavras de incentivo e absolvição. Ao final dos 15 minutos de entrevista, essa meia dúzia de profissionais até ensaiou um aplauso enquanto Hamilton saía da sala. Foram abafados pelo silêncio de todos os outros presentes, atônitos com a manifestação.
Perdeu-se a oportunidade de fazer uma pergunta realmente relevante. (...) "
Ao ler o trecho do texto de Motta, esta coletiva de LH me veio a cabeça. E remoí a ideia de comentar ou não. Resultado: não resisti!
Pois bem... recordei-me da forma carinhosa e respeitosa que mídia inglesa (a mesma que hoje crucifica e critica com ofensas pessoais Alonso) tratou Lewis Hamilton após mentir aos comissários na Austrália, prejudicando um companehiro de trabalho, na primeira corrida do ano, e enganando milhões de torcedores.
Como vemos... que conduta coerente não!? É de uma "imparciliadade" gritante! Ética jornalística acima de "tudo"... e, claro, em favor do esporte.
E isso que falo, serve para jornalistas ingleses, alemães, espanhóis, italianos e brasileiros, que deveriam trazer a nós fãs e leitores os fatos e não opiniões pessoais sobre piloto A ou B.
Como eu não tenho muito talento para escrever (só engano, ou tento!), coloco aqui um pouco do que penso nas palavras de quem faz melhor:
" É hipocrisia criar uma ética particular para justificar qualquer ato de nosso interesse. Segundo Maquiavel, “é ético o que interessa ao bem comum e não o que interessa meramente ao príncipe”. Acredito ser esta a linha mestre a ser seguida nas redações. Ética, honestidade e trabalho sério “não devem ser adjetivos ou penduricalhos gramaticais na vida do profissional de comunicação”, mas prática diária do jornalista. "
Bom... encerro por aqui!
Tirem vocês suas próprias conclusões!
Bjinhos, Tati
Comentários
Domingo na corrida, Reginaldo Leme falou de imparcialidade, esbravejando contra a mídia espanhola. Eu me pergunto, ele é muito imparcial com os brasileiros né? Não existe imparcialidade em nenhuma delas, os alemães, italianos, espanhóis, ingleses, os braisleiros, enfim...
É claro que nem todos os jornalistas do mundo que cobrem automobilismo fazem isto, mas tá complicado.
A gente que trabalha na área e vê certas coisas, fica a cada dia mais entristecido. Eu pelo menos né?
bjs, Ludy
Correto?!
Abraços, Tatiana
Mais uma vez, concordo com o seu post, e ainda reforço o que eu vi na coletiva de imprensa, transmitida pela Sportv.
Toda vez que acaba uma corrida, eu mudo de canal para a Sportv, pois a emissora transmite a entrevista coletiva ao vivo. E o que eu vi no último domingo foi realmente lamentável, uma verdadeira baixaria.
Eu, como telespectadora, me senti desrespeitada. Mas não esperava esse tipo de comportamento da imprensa na cobertura da F-1. Por ser um evento, digamos mais pomposo, sempre tive a impressão que os profissionais que o cobrem tenham um nível mais elevado, pois não é qualquer um que cobre esse tipo de evento. Mas pelo que ocorreu no último domingo eu estava enganada.
Jornalistas de diversos países mal deixaram o Alonso responder as perguntas e, o pior, o ofenderam com palavrões, que não precisam ser mencionadas pelo respeito ao espaço. O intérprete que fazia a tradução simultânea para a emissora teve que fazer um trabalho mais truncado, pois os palavrões e as ofensas tiveram de ser cortadas, por questão de bom senso, prejudicando também o seu trabalho. Enfim, a emissora acabou por encerrar um pouco mais cedo a coletiva, antes das palavras do Vettel, pois o nível da coletiva estava realmente baixo.
Nada do que falei justifica o acontecido na corrida. Mas, eu, como telespectadora, também cobro ética e respeito por aqueles que trazem as notícias. Apesar de não ser do ramo, o que vou falar aqui, e a Ludy e Lu podem me corrigir, por favor!- é que os jornalistas têm de ter um pouco mais de bom senso e fazer o seu trabalho com um pouco mais de profissionalismo e imparcialidade, por mais que o fato tenha sido lamentável, vergonhoso, um ultraje, como eles mesmos gostam de mencionar.
Mas bancar o torcedor em vez de jornalista transformou a cobertura da Fórmula 1 num evento de quinta categoria.
"Try not to become a man of success, but rather to become a man of values." (Albert Einstein)
É isso.
Valeu, Tati!
Bjs
Juliana
Esse entra na minha lista de textos que gostaia de ter escrito. hehehe
Beijos!
Lu M
Nem mesmo para dar opinião se tem mais coragem. Nem mesmo para escolher um lado se tem mais coragem. Que dirá para se ser ético!
Ontem mesmo discuti no jornal pq não queria fazer algo anti-ético e expor pessoas só pq supostamente se venderia mais. Disse que a função do jornal é informar e recebi de superiores a resposta "isso todo mundo faz". Como assim!!! Essa é a função! O jornal não tem que fazer mais que isso; informar!
Fiquei de boca aberta pq essa é a função básica e unica de uma matéria: informar e cobrir todos os lados possíveis de uma questão para que o leitor tire ele mesmo suas próprias conclusões.
Não foi por isso que se separou a opinião das matérias nos jornais? Que se criou as editorias, os editoriais e as páginas de opinião?
Sempre detestei essa mania de induzir pensamento, e no caso da cobertura automobilistica, induzir torcida. Pq não ensiar oq é e como funciona o esporte e assim cada um escolhe para quem torcer e como ver as coisas?
A maioria abalada com o Massa e que esbraveja bytes e bytes pela internet dizendo que nunca mais verá F1 na vida, na verdade, nunca viu F1 na vida. A maioria olha F1 para ver onde está o Brasil e se o Brasil tem chance. Só que não há e nem nunca houve um piloto chamado Brasil.
Poderia ser um bom momento para se repensar como se vai cobrir F1 e outros esportes. Uma pena que isso não vai ser feito.
Bjus, Lu M
Não há sequer qualquer coisa que eu possa acrescentar.
A situação é crítica não só no que diz respeito à F-1, mas em qualquer circunstância que envolva o jornalismo hoje.
No caso da F-1 eu me pergunto exatamente onde errados estamos quando temos o bom senso de analisar as coisas e fazer nossos comentários mesmo que bobos (no meu caso que tenho um simples blog) ao não perceber que, na realidade, baixar o nível ou acusar esse ou aquele piloto seja realmente algo certo porque é o que todos querem ouvir.
Eu não sou jornalista, mas eu penso que não quero que alguém concorde comigo, mas que saiba da notícia e se quizer que leia minha opinião sobre. Porém como jornalistas suas opiniões de nada servem afinal terá sempre algo por trás do ataque.
Acho lamentável que o que aconteceu na coletiva que a Juliana também comentou. Isso deixa ainda mais triste e devidamente mais panaca (na falta de um termo melhor) sobre a situação.
É deplorável.
Para aqueles que gostaram da baixaria e proferiram palavrões ao bicampeão só posso pensar que estes devem ter um caráter invejável.¬¬'
Para eles, fica a dica:
"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflecte." (Aristóteles)
Quanto a essas perguntas feitas ao Alonso...só digo que quem fala o que pensa pode ouvir o que não quer. Já sobre essa história aí de privilégios acho que é especulação barata mesmo...
E quanto a coletiva do Hamilton, vale lembrar que foi conduzida pela McLata...ou seja só jornalista amiguinho fez pergunta. Mas nem graças a deus nem todo mundo é assim lembro que teve muito jornalista inglês criticando o Hamilton nesse episódio aí, achei essa notícia: http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u545904.shtml
Não to querendo dizer que a mídia inglesa é melhor que a dos outros países, só que há bons e maus jornalistas em todos os países, não dá pra generalizar.
Beijos
Disse tudo.
Eu deixei de ver todas as reportagens sobre esse GP.
Eu fiquei arrasada com aquela coletiva. Eu tb estava assistindo. Foi horrível!!!
Nessa história quem mais é lesado é o telespectador. Disparadamente. Não vejo como absolver ou aliviar a crítica contra qualquer lado, seja Alonso (que claramente tem dois pesos e duas medidas, quando o assunto é ele), Massa (que se sujeitou a um jogo absurdo e agora nunca mais vai se impor nesta equipe), seja a cúpula da Ferrari, que patrocina, executa e tem a cara de pau de dizer que isso é o exemplo.E aos muitos membros da imprensa, seja ela da Inglaterra, do Brasil, da Espanha ou da pqp.
Não caio na armadilha da ética, que é um discurso centralizador, sem cara nem forma, sempre a serviço de quem impõe.Como vcs mostraram aqui antes, jogos de equipe tão ou mais nojentos acontecem desde sempre, e na minha opinião sempre injustificáveis.
Sinceramente, vejo F1 para torcer para o Rubens,tenho uma certa simpatia pelo Di Grassi, e hj em dia pela compreensão de que é um passatempo muito bom, uma simpatia pelo esporte, não pelo "espetáculo". Não sou massista, nem assturiano, e nunca serei ferrarista. A Imprensa ou os membros dela não vão me engabelar com discursos ou atitudes.
Por fim, gostaria de discordar da postura com que está defendendo Alonso, desviando o foco de tudo aquilo que possa suja-lo. Eu creio que, neste momento, ele não está fazendo por onde. Mas parabéns pelos textos em homenagem ao Alonso em sua semana de aniversário, estritamente pelo que ele lhe proporciona em termos de felicidade e esperança, mais pelo que fez do que faz.
Fico feliz com os comentários de vcs!!!!! Obrigadaaa por terem interagido comigo... valeu!!!
E aguardemos novos capítulos da F1 para debatermos aqui...hehehe
Bjinhossss para vcs, Tati