Coluna Velocidade e Batom: A presença da ausência

"A presença da ausência" by Ludy

Depois de quatro meses e alguns poucos dias, a Fórmula 1 começa mais uma temporada. Um ano de mudanças, uma temporada de duelos, rivalidades, renascimentos, confirmações, decepções, alegrias, tristezas, vitórias, derrotas. Nove longos meses de uma disputa que com certeza será inesquecível, mas para mim será apenas um ano.

Desde a minha primeira corrida de F1, somente em duas oportunidades deixei de acompanhar a categoria. Obviamente, a primeira foi após a morte de Ayrton Senna (não assisti por completo as temporadas de 94 e 95) e a segunda foi quando Jacques Villeneuve foi dispensado da BAR-Honda em 2003. Fiquei sem assistir à temporada de 2004 até a sua volta, nas últimas três provas do campeonato pela Renault.

Então veio 2006 e Villeneuve mais uma vez saía da F1 e desta vez em definitivo. Eu estava com o meu ingresso para o GP do Brasil garantido, seria a minha primeira vez em uma corrida de F1 e eu tinha comprado apenas para finalmente vê-lo pilotar ao vivo. Mas este sonho eu não pude realizar. Confesso que pensei em vender meu ingresso, desistir, dá-lo a quem quisesse, mas fui ao GP, afinal de contas, seria a oportunidade que sempre havia esperado e foi então que Kimi Räikkönen entrou definitivamente em minha vida de torcedora de F1.

Naquele domingo em Interlagos, tudo aquilo que eu só tinha visto pela TV durante anos estava finalmente na minha frente, porém, Jacques não estava lá e para mim, uma confessa torcedora de pilotos e não de equipes (mas que tem na F1 a sua categoria de automobilismo favorita), não foi fácil entrar em Interlagos, olhar a bandeira do Canadá e não sentir que algo faltava, que algo estava incompleto, que havia um pedaço do meu sonho que nunca poderia ser realizado. Engraçado é que a vida nos prega peças, pois dois anos e meio depois eu pude voltar à Interlagos e conhecer Jacques Villeneuve, pessoalmente.

Hoje, 4 anos depois de aprender a conviver com a ausência do piloto canadense, terei que aprender a lidar com a ausência de Kimi Räikkönen. Estou preparada para isto? Sinceramente, não! Vou assistir a todas às corridas e acompanhar com o mesmo fervor de outros tempos? Certamente, não! Vou torcer por outro piloto da mesma forma que um dia eu torci por Jacques Villeneuve e Kimi Räikkönen? Definitivamente, não!

Já passei por isto, deveria saber como é. Não deveria ficar triste e saudosa porque já senti este vazio. Supostamente eu deveria lidar com a saída de Räikkönen de uma forma mais fácil e foi isto que fiz durante todo estes meses em que a F1 esteve de férias, mas agora não vai dar.

Muitos podem dizer que sou uma boba, uma fã, que só curto F1 por causa de pilotos, que a categoria é mais importante, que eu nunca gostei mesmo de corridas, enfim, várias coisas. Que digam! Eu sou assim, e sempre serei!

O novo mundo - Rali do México

Sendo mais honesta possível, estou aliviada porque Räikkönen está em outro ambiente, um lugar onde ele está se sentindo finalmente feliz, confortável, renovado, respeitado, livre, mas não posso esconder o que sinto. Era na F1 que eu gostaria que ele estivesse. Não estou falando aqui que não gosto do rali, porque eu gosto, só estou sendo verdadeira. Sei que pensar assim é egoísmo da minha parte, pois o que importa é vê-lo fazer o que o deixa feliz, mas é difícil para mim e tenho certeza de que não estou sozinha nisto.

Sei que não deveria pensar assim, já que no final foi uma escolha dele e como sua fã, devo entender, e sinceramente, entendo, só não consigo me acostumar com o vazio. Vazio este que está latente desde o dia em que os primeiros carros de F1 começaram a treinar. Vazio este que vai ficar ainda mais forte quando todos os pilotos estiverem no Bahrein realizando os primeiros treinos da temporada daqui a quatro dias e Kimi não.

E enquanto a maioria dos fanáticos por este esporte estiver sentindo toda aquela emoção maravilhosa do início de mais uma temporada de F1, aquela adrenalina que não consegue te deixar dormir direito por causa da ansiedade de como a sua equipe favorita ou seu piloto predileto vão se sair na primeira corrida depois de um longo inverno, eu estarei sentindo apenas um vazio.

No dia 14 de março eu estarei entre alguns que não estarão completamente felizes ao ver o grid de 2010 alinhado. Durante a temporada estarei entre aqueles que verão apenas outros pilotos em mais um campeonato de F1. Quando chegar Spa, estarei entre aqueles que se recordarão que ali, Kimi venceu pela última vez em sua carreira na F1. Quando chegar o Brasil, estarei entre aqueles que sentirão a sua falta em Interlagos. Por isto digo que na F1, 2010 será para mim apenas um ano. Um ano em que mais uma vez em minha vida de torcedora de F1, terei que aprender a conviver com a presença da ausência.

Beijinhos, Ice-Ludy

Comentários

José Renato disse…
... e você não estará sozinha!
Sei que falas sobre a F1 neste post.
A F1 que também me encanta tanto e perderá um pouco de sua graça, pra nós, mas ainda interessante ver Alonso ou Vettel nas pistas.
E, mais importante, estamos nós aprendendo sobre o rally, e não se esqueça que estaremos em Córdoba no ano que vem!!!

Beijos
Milton disse…
Sendo sincero?

Toda vez que corro no simulador(o meu amado GTR2 com volante Logitech) em Spa, eu lembro do Matias, especialmente quando contorno aquele ultimo cotovelo antes da descida que leva até a Eau Rouge...
Silvia disse…
Entendo, olha 2010 tá difícil viu, só não largo a F1 porque sou viciada...hehehe.

Ainda você perdeu só um piloto e eu que perdi dois de uma vez...ah me dói tanto toda vez que lembro que o Heidfeld vai ser piloto de testes, que talvez nunca mais vai correr, que pode não conseguir a primeira vitória...e tudo isso sabendo que ele sempre fez o que pode e que não é absolutamente culpa dele que tudo acabou assim.

Do Kimi eu vou sentir falta também, mas como você mesma disse, foi a escolha dele e ele parece estar feliz com ela, então não sofro tanto. Sem contar que dele temos vitórias e títulos para relembrar, o Nick nunca teve a oportunidade de consegui-las. Eu nunca vou me conformar...
Oi Zé!!!! Eu sei que não estou!!! Obrigadinha!!! hahaha.
E claro, Córdoba será pequena para nós!!!! hahahaha

É Silvia, posso imaginar!!

Ludy
Roberta disse…
Ludy, eu escreveria exatamente tudo o que vc escreveu (aliás, chorei de novo vendo um texto seu...rs).

Estou aqui assistindo ao treino e esse vazio do Kimi acaba sendo maior que o amor que tenho pela F1...

=(
Oi Roberta!!! Fico feliz que algumas coisas que eu falo possam representar o que alguns de nós sentimos e pensamos...De verdade!!! hahaha

Sobre o vazio...ele não vai passar né? Mas a gente vai tentando levar...infelizmente!!!!

bjs querida!!!

Ludy

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