Por dentro do rally by ORT
Oi gente! Para encerrar minhas postagens de hoje, chego com a última parte do mini-especial que o Rodrigo preparou para a gente.
Está ótimo mesmo. Leiam porque vocês poderão aprender bastante coisa sobre este mundo.
Tudo sobre rallies
Este ano, o mundo automobilístico, em especial o circo da Fórmula 1, foi pego de surpresa com a decisão do campeão mundial de 2007, o finlandês Kimi Räikkönen, em abdicar de um ano na categoria para correr no WRC, o mundial de rally da FIA. Com isso, Räikkönen se torna o primeiro piloto da história a aceitar tal desafio.
Apesar do rally, em especial o WRC , ser bastante difundido na Europa, é uma modalidade pouco conhecida no Brasil, e por este motivo, vamos trazer a vocês leitores todo o tipo de informação sobre a modalidade.
O que significa rally?
Rally (ou Rallye) é uma palavra de origem francesa, que significa passear. Ela foi empregada pela primeira vez em competições de estrada em 1894, na corrida Paris – Rouen (uma competição realizada para “carruagens sem cavalos”), patrocinada pelo tablóide francês Le Petit Journal. Devido ao sucesso desta prova, várias outras corridas de estrada foram adquirindo este nome, onde destacamos o Rally de Monte Carlo, Rally de San Remo, entre outros, que surgiram bem antes do mundial.(WRC)
Características:
Um Rally é uma corrida realizada em estradas geralmente fechadas ao trânsito, em diversos tipo de terreno, como neve, asfalto, areia e cascalho e com carros de produção normal, ou seja, carros muito similares aos que se encontram nas ruas, com apenas alterações de segurança que seguem os padrões da FIA. Eles são inspecionados pelas federações locais e as comissões organizadoras das provas, que os classificam nas categorias:
Grupo A – Carros que podem possuir tração nas quatro rodas, turbo, câmbio sequencial e peças aerodinâmicas, como aerofólios. O peso mínimo é de 1230 kg. Os carros homologados nesta categoria podem competir tanto em rallies regionais, como no WRC, na categoria principal. Além destas características, os carros devem ter um limite mínimo de produção de 2500 unidades do modelo específico, e 25000 unidades para toda a série.
Super 2000 – Também conhecida apenas como S2000, é uma categoria onde se utilizam carros com
no máximo, 2000 cilindradas (carros 2.0), potência máxima de 280 cv, câmbio de 6 marchas sequencial, ou de 5 marchas em H, suspensão do tipo Mcpherson, e não podem ter auxílios eletrônicos como controle de tração, ou de estabilidade, além de serem aspirados. Esta categoria abrange carros praticamente similares aos encontrados nas ruas, e no WRC, correm na categoria de produção (PWRC)
Super 1600 – Também conhecida apenas como S1600, são carros limitados a 1600 cilindradas, com o peso minimo de 920 kg e limitados a 260 cv. Obrigatoriamente, não podem ter tração nas quatro rodas e devem ter motor de quatro cilindros, câmbio em H de no máximo 6 marchas e devem ser aspirados. Estes carros se enquadram na JWRC, categoria Junior do mundial de rally, que serve de acesso às demais do mundial.
As provas são realizadas em trechos, chamados de Especiais, que são divididas em trechos cronometrados, e sessões de ligação, que como o próprio nome diz, ligam uma etapa cronometrada a outra, muitas vezes pelo trânsito normal. Cada veículo larga de maneira individual, com um intervalo de um a dois minutos entre um competidor e outro por medidas de segurança, pois em muitos casos, não existe espaço hábil para tal manobra, mas mesmo assim, elas ainda podem ocorrer. A ordem de largada é definida pela tabela de classificação do campeonato.
Um carro de rally deve possuir obrigatoriamente dois participantes, sendo o piloto, que tem por função conduzir o veículo, e o co–piloto (ou navegador), que tem por função descrever ao piloto as características do traçado, adiantando assim as condições do trajeto para que o piloto passe por elas da forma mais rápida possível. A descrição se realiza a partir das planilhas, presentes em um livro de bordo, entregue a dupla alguns dias antes da competição.
Cada participante possui um cartão de ponto, onde são anotados os tempos dos trajetos, incluindo os de ligação, onde a dupla que chegar com atraso, ou adiantamento demasiado nos pontos de ligação pode ser punida com o acréscimo de tempo na somatória das especiais. Vence quem na somatória das especiais fizer o menor tempo, incluindo possíveis penalizações.
No Rally, não existem boxes, como nos circuitos. As manutenções são realizadas nas áreas de serviço, onde se realizam os consertos mais severos. As manutenções podem também ser realizadas nas etapas de ligação pelos mecânicos, em caso de quebra, ou ainda pelos próprios competidores, em caso de danos durante uma especial.
Os treinos livres no rally tem outro nome: shakedown. São pequenos trechos das especiais, não cronometrados, onde o piloto, junto com o navegador, procura ajustar o carro da melhor forma possível para as especiais.
O público não possui arquibancadas, apenas, determinadas posições onde se acomoda para assistir os rallies. Geralmente os espectadores acampam com suas famílias em um clima até muitas vezes mais divertido e familiar do que visto nos autódromos. Eles podem circular livremente no trecho das especiais até momentos antes da largada, onde os carros de segurança (semelhante aos safety cars nos circuitos) passam alertando que as vias serão fechadas para o início da competição. Os safety cars no rally recebem a seguinte numeração:
000 – Primeiro Safety car a passar;
00 – Segundo Safety car a passar;
0 – Terceiro e ultimo safety car a passar. É ele que determina o início da competição.
Assim como nos circuitos, o Safety Car dos rallies é guiado por ex-pilotos profissionais.
Além do safety car, que indica o fechamento das vias, em todos os trechos liberados aos espectadores existem fiscais para garantir a segurança do público, para que eles não invadam a pista durante as competições.
O Livro de bordo:
Como já foi dito anteriormente, o navegador tem por função passar todas as características do traçado para o piloto, através das planilhas presentes no livro de bordo. As anotações são feitas de maneira criptografada. O que muitas vezes parece um jogo de letras e números sem nexo, tem um importante significado para a dupla competidora.
Vejamos aqui um trecho de uma planilha de navegação usada em rallies:
MC1 100 KL2 100 KR2 200 SQL 100 KR4 50J!->R2+ (D/C!) 100 +SQR 400 F->CR->KL4 100 MC2
Calma, temos a tradução, sem os jargões utilizados pelos navegadores, para que se entenda melhor:
Saindo do ponto de controle 1 (largada), siga 100m e dobre à esquerda, severidade 2;
A 100m, dobre a esquerda, severidade 2;
A 200m, cotovelo de 90º à esquerda, severidade 4;
A 100m, dobre a direita, severidade 4;
A 50m, pulo! (cuidado!), seguindo imediatamente para curva severidade 2 estreita, Não corte (tangencie).
A 100 metros, “grampo” à direita.
Siga 400 metros “flat” (a velocidade máxima), seguindo para lombada, dobrando imediatamente à esquerda, severidade 4;
A 100 metros, Posto de controle 2 (chegada)
Como vimos acima, por várias vezes é anunciado pelo navegador, na suposta planilha, a severidade das curvas. Ela é classificada em um grau de 1 a 6. Quanto maior o número, menor o grau de severidade, e é a partir da descrição feita pelo navegador que o piloto aplica a melhor técnica para contorná-la o mais rápido.
As técnicas de pilotagem:
No rally, existem técnicas de pilotagem que muitas vezes sequer são utilizadas em circuitos comuns, mas que são muito úteis para que o piloto consiga superar os obstáculos da pista de maneira eficaz. Aqui vão algumas técnicas bastante utilizadas:
Handbrake Turn – Consiste em fazer com que ao carro saia deliberadamente de traseira na entrada da curva, utilizando-se do freio de mão, que trava as rodas traseiras. Geralmente, esta técnica é utilizada para o contorno dos “grampos”, curvas que muitas vezes chegam a 180º, e são muito fechadas.
Punta – Taco - Consiste em frear com o pé direito, ao mesmo tempo que se acelera o carro para não deixar cair a rotação do motor, pisa-se na embreagem, troca a marcha, e esterça o volante. Existe um sincronismo para a realização desta tarefa, que a princípio é muito difícil, mas torna-se automática com o passar do tempo. Esta técnica é aplicada para que se leve menos tempo possível no contorno das curvas, e que o carro saia com potência suficiente para o trecho seguinte.
Hill Jumping - O Hill Jumping nada mais é do que o ato do piloto saltar com o carro por cima de determinados obstáculos, como lombadas, ou alguns declives presentes nas especiais. Não existe uma técnica definida para que o piloto realize esta manobra, mas é imprescindível que ele esteja em uma velocidade considerável, e com o carro estável (totalmente sob controle) para que consiga êxito.
Freio com pé esquerdo – Consiste em utilizar o pé esquerdo para frear o veículo, deixando o pé direito exclusivamente para manter a aceleração, em uma curva. Esta técnica tem como principal propósito controlar a transferência de peso do carro da parte traseira para a dianteira, para que ele saia levemente de traseira, sem que se perca tempo nas curvas.
Scandinavian Flick – Também conhecida como pêndulo, é a técnica em que o piloto esterça levemente o volante para o lado oposto a curva, esterçando depois para a direção normal enquanto freia e acelera o veículo ao mesmo tempo. Isto faz com que o carro deslize levemente em seu próprio eixo. É uma técnica muito utilizada para contornar curvas de média velocidade.
Texto pesquisado e produzido por Rodrigo.
Bom, a participação de nosso leitor e membro do IC Rodrigo merece um agradecimento especial, já que ele dedicou seu tempo para nos dar algo tão bacana.
Obrigadinha pela ajuda Rodrigo.
Beijinhos, Ice-Ludy
Comentários
Bjks e pensem na possibilidade de montar a equipe de Rally do Octeto para o Rally do Batom em março, que será disputado em Goiânia!!