Coluna Velocidade e Batom

Ser Ferrari...

Eu confesso que não sei mais o que dizer sobre a atual situação da F-1. Muitas coisas têm passado em minha mente nos últimos dias, mas se existe uma certeza que tenho é que a F-1 vai perder o interesse para mim se a Ferrari deixar o mundial.

Sempre tive uma relação de amor e ódio com a Scuderia italiana. Amor porque acho que não há equipe no mundo do automobilismo que represente o que eles representam, a paixão dos tifosi por este time vai além das pistas. Amor porque esta foi a equipe que deu ao mundo Gilles Villeneuve, onde ele se entregou de corpo e alma, onde viveu os melhores e piores anos de sua vida. Amor porque sempre sonhei um dia em ver um piloto para o qual eu torcesse vencer em Monza (que nunca aconteceu), mas que para mim seria como o Flamengo (meu time de coração) vencer uma final de um mundial de clubes no Maracanã. A glória máxima! Amor só pelo fato de ser a Ferrari e tudo o que ela representa na história do automobilismo mundial.

Mas então tem o ódio. Sentimento ruim que acumulei durante os anos de domínio de Michael Schumacher, Ross Brawn e Jean Todt, pessoas que eu nunca gostei (não estou julgando competência, entendam bem, estou falando de empatia e atitudes) e contra quem sempre torci! Sempre! E agora esta raiva profunda que sinto por Stefano Domenicali e sua incompetência sem fim, sua mediocridade como dirigente, sua fraqueza como chefe de uma empresa que deve estar sempre entre as grandes e não mendigando pontos e términos de corridas, que é o que vem acontecendo.

No final de tudo, analisando meus 20 anos de F-1 e tudo o que vivi com este esporte que tanto me ensinou (perdendo ou ganhando) e que me deu amigos muito especiais, cheguei a uma conclusão que eu jamais pensei em toda a minha vida, como torcedora, vou me sentir vazia, porque no final da contas, eu aprendi a amar a Scuderia de Maranello, e a F-1 sem Ferrari não será mais a mesma. Hoje, depois de tantos anos, eu sei o que é ser Ferrari.

Beijinhos, Ice-Ludy