Cláudio Carsughi


E lá vai, D. Vivian, falar novamente sobre as entrevistas do Grande Prêmio. Já está ficando básico... rsrsrsrs.
Dessa vez, fui surpreendida.
Bruno Vicaria (de quem sou fã de carteirinha, rs), com um dos novos membros do Staff Grande Prêmio, Sr Marcus Lellis, entrevistaram a lenda viva, do jornalismo automotor brasileiro, Sr. Claudio Carsughi.
Minhas lembranças desse italiano simpático, são do meu vício pelo Jornal da Manhã da Jovem Pan.
Acho o sotaque dele o máximo, e os comentários mortais, também.
Não acompanho os outros trabalhos dele, mas percebo a admiração que os jornalistas desse meio, tem por ele.
A entrevista ficou muito bacana, e deixo, como sempre, os links para a primeira e segunda partes.
Mas como não me contenho, mais uma vez postarei os trechos de que mais gostei.

Sobre a Eco-Honda

"tivemos alguns desastres (em termos de projetos), mas acho que a Honda do ano passado é um sério concorrente. Aquele carro era um desastre mesmo"(este homem cobre F1 desde 1957, vejam que situação, ele acaba de nomear a Honda 2007 como o pior projeto de todos os tempos, cada vergonha que eu passo)


Sobre a Imprensa Italiana, e sua paixão pela F1

"Para te dar um exemplo bem claro, é a mesma cobrança da imprensa brasileira com a seleção de futebol. Se não ganhou, porque não ganhou, o que aconteceu? Se ganhou, normal".

"Hoje em dia, a influência (da imprensa) é muito relativa. O Ecclestone conseguiu fazer um brinquedo que anda por si. A imprensa, claro, noticia, especula, dependendo do enfoque, traz uma noção técnica do assunto. Não quero dizer que a F-1 sobreviveria sem os meios de comunicação, nenhum esporte sobreviveria sem a mídia, mas a imprensa não é tão importante como foi em outros períodos".

"Você pode dividir a imprensa de todo o mundo entre a séria, que é uma faixa reduzida, porque não dá manchete, não chama muitos leitores e não apaixona aquele que vê pela televisão, e o resto. Gosto de fazer uma comparação na Inglaterra. O "News of The World" vende seis, sete milhões de cópias aos domingos. O "Times" vende 400 mil exemplares. Só que o "Times" chega às 400 mais importantes famílias do país, cria opinião e é respeitado. O resto é levado um pouco na brincadeira. E, da mesma forma, temos na imprensa automobilística aqueles veículos mais sérios, e também existe uma montanha de lixo".


Sobre a demolição de Jacarepaguá (onde viveu os momentos mais marcantes de sua carreira)

"Talvez seja um raciocínio cru e radical, mas estou convencido de que carioca não gosta de automobilismo. Mesmo quando tinha corrida, você via que a absoluta maioria era formada por gaúchos, catarinense, paranaenses e paulistas. O carioca prefere ir para a praia, não sente muito o automobilismo. Lógico que todos os pilotos gostavam mais do Rio do que São Paulo. O RJ tem praia, belezas naturais. Mas não conseguiram manter a F-1 lá exatamente por essa minha idéia: porque eles não gostam. Então, era lógico que, cedo ou tarde, iriam arranjar um jeito para mutilar e demolir o autódromo. Eu acho perfeito. Cada um tem de fazer o que gosta. O Rio não gosta de automobilismo". (confesso que me assustei com essa resposta "politicamente incorreta", até parei para pensar. Cariocas, manifestem-se, para que eu possa criar minha própria opinião. Mas uma coisa é fato. Mesmo que os cariocas não gostem de automobilismo, nada, NADA, justifica demolir o patrimônio histórico que é Jacarepagua)

"Já faz algum tempo que não acredito em Papai Noel. Antes, eu acreditava, mas passaram alguns anos, não acredito mais". (sobre a construção de um novo autódromo)


Sobre Piquet

"Como piloto, excelente. A nossa relação, também excelente.(...) Entendo perfeitamente o Piquet. Aquilo que muita gente acha que é uma expressão de falta de educação, é absolutamente lógico. Se você está sentado no seu carro, prestes a iniciar a movimentação de largada, e vem alguém lhe perguntar se você vai correr para ganhar, a resposta claramente será um palavrão. O que eu achava graça, e entendia também, era a divisão que o Nelson fazia, e ainda faz hoje, do jornalista que entende e não entende de automobilismo. Eu desculpo o jornalista que não entende, porque, no Brasil, é raro alguém poder trabalhar exclusivamente com automobilismo. E você não pode exigir que todo mundo saiba de tudo. Quando muito, o jornalista vai ter uma idéia vaga, e vai fazer uma pergunta óbvia ou imbecil. Nos dois casos, o Piquet vai responder mal, e com toda a razão, porque você está o fazendo perder tempo.(...) Inclusive, não gosto muito do esportista em geral que tem um discurso preparado, politicamente correto, que você sabe que não é verdade, o cara nem está pensando naquilo.(...)" (aiii, impossível não associar a algumas cenas, imagens e repórters atuais, rsrsrsrs)


Sobre a morte do Senna (Fatalidade X Culpa)

"Para mim, teve culpados. Eles se chamam equipe Williams, Frank Williams, talvez um pouco, e toda a engenharia. Eu tive essa dedução desde o começo. No momento em que o Senna pediu aquela modificação no carro (o aumento na barra de direção), porque disse que não estava à vontade (Senna estava incomodado porque suas mãos raspavam no cockpit), o chefe de equipe deveria dizer: “Não, nós não temos aqui meios de fazer isso. Na próxima corrida, vamos fazer na fábrica, desenharemos uma nova peça, faremos todos os testes de resistência. Não vamos arrumar de qualquer jeito aqui.” Mesmo que precisasse brigar com o Senna. A culpa foi da Williams, reconhecida pela justiça italiana, tantos anos depois."


Sobre Rubinho

"arrisco dizer que a carreira do Rubens teria sido outra se o Senna não tivesse morrido. Provavelmente, o Barrichello jamais teria chegado ao nível do Ayrton, e isso não é nenhum demérito demérito. Seria a mesma coisa você ficar chateado porque um jogador de futebol não chegou ao nível do Pelé. Sabe, cada um tem os seus limites. Então, para ele foi um desastre. O Barrichello sempre foi um piloto de qualidade, demonstrou isso em todas as categorias inferiores, mas foi tremendamente prejudicado por esse afã de encontrar um substituto do Senna. Um afã que, curiosamente, não se verificou no futebol. Quando o Pelé parou, ninguém saiu desesperado na busca de outro garoto negro de 16 ou 17 anos que pudesse ser o novo Pelé.(...)Existem outros bons jogadores. Bons, mas não excepcionais. Faltou isso, porque dentro de um universo de 100 torcedores de F-1, você tinha dez que eram aqueles que já vinham acompanhando as carreiras de todos, que entendiam e gostavam. Os outros 90 eram fascinados pelo brasileiro que era o melhor do mundo, e que, inconscientemente, lhes davam uma sensação de revanche contra uma vida eventualmente difícil, quando a Globo tocava o “Tema da Vitória”. No esporte brasileiro..., há, para mim, aquilo que é uma clara deformação. (...) Não se tem um meio termo para falar o quanto ele vale (um esportista brasileiro) de 0 a 10. Ou é o melhor, ou o pior". (uau... conseguiu falar tudo o que eu penso)


Sobre Ron Dennis

"ele pode escrever um livro ou até fazer um DVD de “como perder um campeonato”. Apesar de tudo aquilo que ocorreu no campeonato, a McLaren chegou à última corrida com seus dois pilotos podendo ser campeões, e, sobretudo, com seu piloto preferido não precisando ganhar do outro. Sabe, faz uma lavagem cerebral no Hamilton para convencê-lo a correr atrás do Alonso. Não era preciso fazer nada. Se eu sou o dono da fábrica, falo seriamente com o Ron Dennis se ele não quer me vender a parte dele e plantar batata". (TUDO!)


Sobre outras categorias do automobilismo

"(...) Para mim, é F-1. O resto é resto".


Os cinco melhores pilotos que já viu

"é difícil, porque cada época é diferente. Mas tem dois ou três pilotos que me impressionaram profundamente quando era garoto(...) o melhor de todos foi Nuvalari. Era também, mais ou menos, a opinião de Enzo Ferrari, que viu muito mais do que eu.(...) de 1949 para cá. E aí, o melhor é Fangio. Porque foi, talvez, o único piloto que, ganhando cinco títulos mundiais, teve a possibilidade de ganhar um sem ter o melhor carro. Para ganhar com a Maserati enfrentando a Ferrari, que era muito melhor, precisava ser um superpiloto. E o próprio Fangio me disse, (...) o, que achava que aquele GP de Nurburgring, em 1954, tinha sido a melhor corrida da vida dele".



1974, com Osmar Santos,Edemar Annusek e Leônidas da Silva

Bom, essa foi apenas uma palhinha. Vale a pena ler o restante. Ele fala sobre o Senna também, e ele tem opiniões muito parecidas com as minhas, sobre este piloto.
Também é legal ler sobre a história dele.
Enjoy it!

By Vick

Comentários

Vale a pena mesmo!!!!!
muito bom...


Vick... continue assim: Qdo vi que tinha emntrevista no GP... pensei... não vou ler agora não... pq a Vick vai colocar no blog!!!!! hehehehehe...

tati
Anônimo disse…
rsrsrs
éque é tentador...
hahahaha
beijo tati
Serei polêmica(hehe) ... mas concordo com Carsughi!! Eu não sou carioca, nasci no MT(meu estado querido), mas minha família é do RJ, amo este estado, é onde vivo, sou flamenguista e me sinto no direito de dizer isso.
O RJ vive de sol, praia,samba e futebol!!ISSO NÃO É UMA CRÍTICA!!!AMO O RIO!!! O RJ É O CHARME DO BRASIL!!

Mas eles não gostam de automobilismo... Claro que estou falando da massa. Não podemos generalizar. Muita gente gosta...
mas a grande parte da população gosta do maraca lotado para ver o clássico carioca de domingo.

Lembro qdo eu e minha irmã, ano passado, estamos na rodovaria de Niterói a caminho de SP para o GP. Como iríamos direto para o autódromo... estávamos paramentadas com boné, moleton da espanha e tudo que tinhamos direto.
A Ludmila com o boné e mochila da Ferrari... era a atração. Tipo: como se nunca tivessem visto aquilo na vida.

Só quem vive aqui, sabe o que é FLAxFLU ... vc não precisa ver o jogo. Com os gritos do gol vc já sabe o que está acontecendo.E o carnaval ?? Nem se fala!! Domingo tem desfile ... aqui a atmosfera já é outra.O RJ respira samba.

Mas não respira corrida de carros.
Eles acompanham... sabe quem é quem. Mas o importante mesmo...é saber quem ganhou o clássico de domingo.

BJinhoss

Tati
Anônimo disse…
É triste a constatação que ele faz, mas a maioria dos cariocas realmente não ligam muito para corridas de carros. Tudo o que Tati falou acima eu assino embaixo.
Sobre o restante da entrevista, perfeito. Sempre gosto de ouvir o que o Carsughi fala, pessoa que entende de automobilismo e não ofende ninguém para expressar suas opiniões. Excelente entrevista.
Anônimo disse…
Eu fiquei muito impressionado com o que o Carsughi disse. Sabe tudo de automobilismo!
Nota 1000 é pouco para ele.E pensar que a gente tem que aguentar o Galvão narrando...
So espero que o Dr Stock(Dr Formula 1, kkkkkkkkk)nunca entre pra falar da parte técnica de um carro em corrida.E a musiquinha que colocaram de fundo uma vez no meio da corrida...ai ai ai
Unknown disse…
Claudio o senhor gosta de Fórmula Indy também?

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